Escolhas

Apesar do meu pai sempre dizer que a minha mae me estragava (e estraga), se ha coisa que ambos me ensinaram foi a viver com o que tenho. Assim, e apesar de ter engolido em seco tres vezes, depois da decisao tomada foi olhar em frente e fazer novos planos.

Em Cuzco, depois de perceber que chegar a Machu Pichu nos ia sair a 300 dolares entre os dois tivemos que optar por deixar passar. Sim, provavelmente nao vamos voltar aqui, sim é Machu Pichu, mas 300 dolares dao-nos para varios dias, nao para os dois que ia ser.

Portanto, saímos para Huacachina, descemos dunas gigantes de cabeca e agora estamos em Lima. Amanha partimos cedinho para uma viagem de 36 horas(!) até Yurimaguas onde comeca a aventura Amazónica. Descer o Amazonas até Belem, na Costa oposta, no Brasil. E rezar para conseguir chegar a Salvador antes da pasagem de ano.

Depois de ler algus blogs sobre viagens semelhantes a curiosidade misturou-se com o medo. Nao de ameaca de vida, descuidem os mais preocupados...logo contarei mais!

Quanto a Lima, é uma cidade...estranha, a falta de melhor adjectivo. Hoje demorámos 1h a chegar ao centro desde Miraflores, o bairro rico (e tao mais tranquilo) onde estamos, depois de apanhar 2 autocarros e nao saber afinal onde andávamos. As buzinas sao constantes e os edificios coloniais misturam-se com predios a cair, os mercados onde se vende tudo o que se possa imaginar e o inimaginável e tenho a sensacao de que me estao quase sempre a tentar enganar ( o que é quase sempre verdade!).

Ia preparada para isto na Bolivia e nao aconteceu e agora no Peru tem sido uma constante. Com uma excepcao honrosa para Arequipa.

E os autocarros...sao toda uma outra história! Mas isso fica para a próxima.

Potosi 17-18 Novembro

Com a sorte de apanhar uma boleia (paga) de um dos jeeps que seguia para Potosi chegamos à cidade mais alta do mundo às 6 da tarde. Ainda cheios de pó trepamos ruas até chegar ao Hostel que queríamos.Os 4060m de altitude fazem-se sentir a cada 3 passos e toda esta cidade se distribui a subir a montanha.

Quando saímos para jantar já é escuro e estamos cansados, nao queremos ndar muito, mas surpreende-nos a vida que encontrqmos na rua.

No dia seguinte percebemos as cores, o movimento, a quantidade de escolas, de ecritórios de advogados e dentistas. Passeamos no meio dos edificios coloniais, das muitas igrejas e decidimos que gostamos da cidade.

A praça principal fervilha de gente. Mineiros, bandas, militares, locais.Descobrimos mais tarde que eram as celebraçoes do dia do Hino Nacional.

A tarde é passad debaixo de terra. Uma visita a uma das minas do Cerro Rico é uma experiência única, mas que nao quero repetir. 15 minutos lá dentro, enquanto começamos a descer ao segundo nivel achei que nao ia conseguir avançar mais. No meio do cinzento da falta de luz e do pó, enquanto o cminho se estreit para um túnel onde mal cabemos e pelo qual temos de rastejar o coraçao acelera e arespiraçao pede oxigénio que nao existe. Penso que se tenho de voltar para trás tenho de passar pelo mesmo e nao sei se aguento.

Páro 2 segundos, chupo mais forte nas folhas de coca que se acumulam na minha bochecha e, efeito psicológico ou nao, acalmo-me e sigo caminho.

Para lém da claustrofobia o que guardo mais na memória sao os mineiros com quem falámos, dos 15 aos 38 anos, a trabalhar em condiçoes sub-humanas que apenas diferem daquelas a que eram obrigados os escravos eos indios porque saem à noite para dormir em casa e recebem alguma coisa por esse trabalho.

morreram 80000 pessoas na época colonial e continuam a morrer hoje em dia, directa ou indirectamente dentro daquelas minas.

Saio estoirada física e psicologicamente. Tomo golfadas de ar e tento perceber porque se sujeitam àquilo e, principalmente, porque sujeitam os próprios filhos. Consigo perceber, mas nao aceitar.

Passamos a manha seguinte nas casa da moeda seguimos caminho.

Tupiza - Uyuni 14-17 Novembro

4 dias, 2 jeeps, 9 turistas, 2 condutores/guis, 1 cozinheira.

Dias de paisgens alucinantes, lagoas que parecem pintadas (de verde, de branco, de vermelho), desertos de areia e de sal, desfiladeiros e planaltos, montanhas que parecem pintadas tal é a perfeiço e quantidade de cores, e pó... muito pó!

Dormindas em casas básicas no meio do nada, como queríamos, debaixo de um céu imenso. Partiha de experiências em jantares às 7.30, que parecem 10.30 tal é o cansaço.

Aprendemos que estes passeios só começram à 15 anos porque antes tud aquilo se cobria de neve. Neve esta que, ao derreter forma as lagoas. Agora já nao existe neve, as lagoas estao a diminuir de tamanho e, muito provavelmente, em mais 10 ou 15 anos já nada disto vai existir. Faz-me sentir trite e sortuda, por ter a oportunidade de ainda o viver.

Chegamos o Uyuni estoirados, sujos e muito felizes!

Tupiza - 13 de Novembro

Saímos de Córdoba directos à Bolivia. 24h e 2 autocarros mais tarde chegámos a Tupiza.

Terra da lenda do último assalto de Butch Cassidy e Sundance Kid foi uma boa introduçao ao país. Mudança radical de feiçoes, de cheiros, de arquitectura. Como paisagem, as Quebradas de Humauaca e Cafayate, na Argentina impressionam mais.

Ficámos apenas 1 noite, maravilhados com o que nos convém o Boliviano. almoço por 1,5 euros e jantar por 4. Hotel por 3,5e cada um.

No dia seguinte saímos para "O" tour.

Em La Paz

Só passou uma semana e meia desde que voltámos a sair de Córdoba, mas parece muito mais. Presumo que seja o movimento constante, a aprendizagem cultural, as diferenças de ambiente e paisagem em intervalos de tempo tao curtos!

Chegámos hje a La Paz. É uma cide louca. Ainda nao tneho tempo suficiente aqui; meio di e 2 voltas intercladas com uma sesta, mas é uma relaçao amor/ódio. A mais de 3000m de altitude espalha-se a perder e vista montanha acima e a baixo, com edificios coloniais misturados com prédios modernos e casas de adobe na periferia. Vê-se homens de negócios em fato completo e cholitas com traje indigena, um trânsito caótico e um pico nevado ao longe.

Nao conseguimos perceber como nos sentimos aqui...O Hostel é um colosso ocidental numa casa colonial. No é o que temos procurdo mas neste momento sabe-me bem!

Enquanto parámos nos degraus de uma igreja discutíamos as discrepâncias sociais destes países e aflíge-me nao conseguir vislumbrar nenhuma soluçao...

De El Bolsón

Gosto de estar aqui...Gosto muito de estar aqui!

Gosto que seja tao verde e tao cheio de cor. Gosto que seja movimentado e pacífico ao mesmo tempo. Gosto deste Hostel (Refugio Patagónico), onde dá vontade de perder tempo, de relaxar. Gosto do contraste com as montanhas cinzentas a volta. Gosto de ter ido passear e ter parado numa quinta para comprar doce caseiro. Gosto de ir dormir num refugio depois de um treking de 5 horas amanha. Até gosto destes pássaros esquisitos com bicos gigantes, que fazem sons estranhos e que estao por todo lado, como pombos, mas muito mais interessantes. Gostava de ter mais tempo para perder aqui...

Chegámos cá vindos de Esquel, onde tivémos uma sorte desgraçada e conseguimos colar-nos a um grupo que estava no hostel e tinha alugado um carro para ir ao Parque Natural Los Alerces. Assim, ainda que exprimidos 4 no banco de trás de um opel corsa, tivemos acessos a zonas que nao teríamos tido de autocarro e a pé, e poupámos um dia numa cidade que nao tinha mais nada de interessante, porque o autocarro para lá já tinha saído nesse dia. Obrigado Ale e Ezequiel pela boa onda e disponibilidade e pelos conselhos para onde estamos agora.

A Esquel chegámos via a famosa Ruta 40 da Patagónia. Uma estrada só parcialmente (mal) alcatroada, que percorre os 2800km de EL Chaltén a Bariloche. Começámos a viagem de noite, mas quando acordei, as 6.30 da manha o autocarro tinha parado num "pueblo" (1 Hostel, 1 Café e 3 ou 4 casas) completamente em "terra de ninguém". Estepe Patagónica a perder de vista. Mantive-me acordada 1 hora depois disso, já em movimento e nao passámos por 1 único sinal de vida humana. Aliás, nas 25 horas de viagem passámos por 3 cidades, uma delas a descrita anteriormente.

Em El Chaltén iniciámos os treking a sério. Uma tarde de 2 levezinhos, 2 horas cada um e 20 km no dia seguinte, com muitas trepadelas e mudanças de cenário impressionantes. E ainda fomos brindados com uma vista total e descoberta do Fitz Roy. Quando achávamos que aquela nuvenzinha que ia rodando a volta do cume nunca o ia lagar, desapareceu!

Voltámos estoirados, directos a uma Quilmes fresquinha! A preparaçao perfeita para a viagem de autocarro que nos esperava!

E agora estamos aqui, prontos para mais uma caminhada e esperançosos que o nevoeiro que vemos no Cerro Piltriquitrón esteja melhor amanha, e que a cerveja artesanal do Lucas, do Refugio piltriquitrón seja tao boa como nos contaram...para acompanhar o por do sol sobre a vila e os lagos que vamos ver.

Notas de viagem

Estamos há 3 noites em El Calafate. Mudança drástica de cenário desde a Peninsula Valdés, onde estivemos antes...nada de novo no país que é a Argentina!

Hoje foi dia de Glaciar Parito Moreno e nao há palavras para descrever o que é aquela massa de Gelo, os tons de azul, o som dos desprendimentos no Lago Argentino, que é uma vista em si só também. Sao sentimentos que tenho de deixar amadurecer antes de poder descrever!

Entretanto, e porque isto de andar de mochileiro e acampar nao combina com as novas tecnologias, deixo-vos agora com algumas notas do meu caderninho. Para que tenham uma ideia do que foi a primeira semana de viagem:

18/10/10

"Venham, Venham! Perguntei-lhes e vao sair já! O tempo está perfeito e pode mudar. Depois montam tudo"

Olhares perdidos entre nós os 2.

"É mélhor. Olhem que o tempo pode mudar! Eu levo a tua mochila."

Acabamos por ir, ainda meio desconfiados. Pagamos os 180 pesos e entramos no barco.

"Nao sei se isto foi boa ideia. Se calhar deviamos ter procurado outros sitios"

2 horas, muitas fotos e outros tanto sorrisos de espanto mais tarde nem sequer me ocorre questioná-lo. Mar espelhado, ausência de nuvens e baleias francas a 1 metro do barco é tudo o que me lembro. E aquele som, como se fosse água a ser espelida de um tubo de orgao. Somesse que também se ouve da praia, ao pôr do sol, enquanto tentamos captar o fogo que parece ter tomado as nuvens!


19/10/10

O Nuno está a fazer o fogo para assar a carne e os pimentos. Eu, lentamente, começo a habituar-me à vida de campista. Até à próxima vez que esteja cheia de frio, ou que nao consiga dormir, ou que tenha de por a mochila às costas! Mas por enquanto estamos aqui, só a aproveitar a praia.

Ainda nao tinhamos conseguido arranjar maneira de dar a volta à Peninsula sem se em excursao, mas em conversa com o casal que está ao nosso lado, e em nome da solidariedade do viajante acabámos de o fazer.

"Eu também andei pela Escandinávia e encontrei muita gente que me levava onde eu precisava, por isso acho que tenho uma dívida para com os outros viajantes!" diz Evelyn, Suíça Alema.

Assim, amanha saimos na casa móvel dela, o marido e a pequena Salomé a ver os leoes marinhos, os pinguins e, com alguma sorte, alguma Orca perdida...sem gastar os 360 pesos que nos sairia a excursao!

20/10/10

Nao tenho palavras para descrever o que senti ao ver Pinguins de Magalhaes a meio metro de mim, ao ouvir o som dos Lobos marinhos e ver como se arrastem pela barriga, gordos, gigantes, desengonçados, enquanto outros apanham sol, dando só sinal de vida ao mexer uma barbatana e atirar areia para o dorso.

Tudo isto numa paisagem que muda constantemente. Uma costa que só se deixa vislubrar de quando em quando, numa curva da estrada, numa descida súbita depois de uma recta interminável e que muda de falésia profunda, a praia, a peninsulas dentro da peninsula que formam golfos de água azul esverdeada onde, sorte nossa, 3 orcas entraram e têm de esperar que encha a maré de novo para sair.

Para celebrar, e porque poupámos na excursao, concedemo-nos O luxo desta primeira parte da viagem. Jantámos fora...e que saudades de umas conchinhas, e de estar sentada numa mesa num sitio quentinho, com um vinho a discorrer de tudo o que já vimos e do que está para vir...

21/10/10

Supostamente hoje seria um dia de praia, mas o vento frio nao nos deixa. Relaxámos de manha junto à tenda a por a escrita e a leitura em dia e o Nuno anda de novo de volta do fogo para fazermos o almoço.

(...)

A tarde compôs-se e acabou por ser de praia. Que bom adormecer a ouvir o mar...e as baleias!

22/10/10

Cortando caminho por cima das falésias, subindo directamente da praia, conseguimos chegar a Punta Piramides em menos de uma hora.

A loberia tinha um aglomerado de 20/30 lobos marinhos, com algumas crias e pelo menos 3 machos em que conseguimos perceber a juba característica. Os sons ouviam-se perfeitamente apesar do vento forte e também conseguimos ver, num grupo de 3 que estavam mais perto um bocejar claríssimo e um coçar da barriga hilariante...conseguia estar horas a olhar para eles!

Como o vento estava impossível subimos até à cabine do guarda fauna para comer. Apesar do ar de "velho do Restelo", depois de quebrado o gelo inicial com alguma perguntas ainda aprendemos que as Orcas às vezes caçao Baleias Francas em alto mar e a que nos cedesse o seu telescópio, que deu um jeitao quando as baleias começaram a aparecer.

Distraídos que estávamos com o pao com salsicha quase nao demos porque tinham começado aos saltos! Agora sim, a experiência estava completa!

À volta conseguimos boleia à primeira esticadela de dedo. Amanha vamos tentar voltar assim a Puerto Madryn.

23/10/10

As (minhas) fases da boleia:


1 . Até aos 30 minutos de espera
Confiança: A qualquer momento passa/pára um (se realmente acontece o grau de confiança da próxima vez está nos píncaros)

2 . Até à 1h30 de espera
Esperança: Vai parar, vai parar, vai parar... (suspiro de alivio se acontece)

3 . Até às 2h30 de espera
Aborrecimento: Estou farta de aqui estar, nunca mais param! (cara de êxtase se param)

4 . Até às 3.30h de espera
Fúria: $%%&·/(?) Porque é que nao param!! (se param...só quero que o carro arranque!)

5 . Até às 4h de espera
Desespero: Nao sei o que é que estou aqui a fazer, mas também nao posso desistir agora! (cara de "o mundo esteve para acabar, mas chegou o salvador" se param!)

6 . Ás 5h de espera
Resignaçao: Apanhamos o autocarro e pronto...

(De notar que sabiamos que o autocarro saía aqulea hora, e que nao havia outro antes...caso contrário nao acho que me tivesse agunetado tanto tempo!)

Se quiserem por imagens com estas palavras, vao passando por aqui.

Ontem

Eram 4.30. O trabalho estava terminado e tinham-me levado até à praça S. Martin. Estava calor e não me apetecia ir para casa. Passei em frente ao Cabildo Histórico e a recordação dos claustros brancos e frescos levou-me a entrar. Deparei-me com isto.

Segui então estas pegadas e surpreendi-me com a presença de comunidades imigrantes de países tão distintos. Eu sabia que a Argentina foi um país de acolhimento para muitos Europeus durante a 2ª guerra mundial, mas Coreia? Japão?

Tive pena de não poder ficar para o documentário "Los Cubanos" seguido de degustação de mojitos e charutos, mas quero voltar para as actividades organizadas para as outras comunidades.

Deixei-me ficar mais um pouco, as fotos da mostra Ciudades (in)visibles prendem-me o olhar, mas pedem-me mais atenção. Tomo nota da instituição responsávele prometo voltar com mais tempo.

De volta a Cordoba

Talvez tenha sido porque já sei que me vou embora.

Talvez como uma forma inconsciente de me proteger, ou talvez porque me deixei acomodar sem dar por isso. O certo é que já há algumas semanas que não me procurava em Cordoba, que não a aproveitava, que não a deixava mostrar-se. E se não pensava muito nisso conscientemente, vejo agora que alguma coisa me pesava. Um desconforto quase imperceptível, como um zumbido nos ouvidos que só nos apercebemos que está lá quando desaparece.

E agora que desapareceu dei por ele.

Talvez tenha sido a risada há volta da Bagna Cauda no sábado há noite.
Talvez tenha sido a tarde de Domingo que passou sem dar por isso, estendida na relva, entre mates, fotos e conversas tão inúteis como fascinantes.
Talvez tenha sido a percepção da falta que vou sentir do gelado ao domicilio.



A verdade é que voltei à minha Cordoba este fim de semana, e ainda que saiba que o meu tempo aqui acabou, que já retirei dela o que precisava, que está na altura de seguir em frente, foi muito bom reencontrá-la!

O que segue

Depois da decisão tomada sinto-me quase estúpida por ter hesitado tanto. Claro que pensar à posteriori é sempre mais fácil que escolher, e que a decisão tomada tem já a reflexão feita e por isso parece mais simples que na realidade foi. Infelizmente raramente temos a hipótese ideal, aquela que nos permite não ter de abdicar de nada. Assim, é uma questão de decidir o que queremos deixar passar.

4 dias, algumas lágrimas e noites mal dormidas mais tarde parece que me tiraram um peso de cima. Se uma decisão me fazia chorar e a outra me deixa aliviada, qualquer remanescente de dúvida que pudesse ter desaparece.

As pessoas que temos na nossa vida e a maneira como nos relacionamos com elas também definem aquilo que somos e eu, neste momento, preciso da minha outra metade não para ser uma, mas para ser os dois que fazem sentido. Para além disso, apesar de todas as incertezas quanto ao caminho a seguir quando lá, tenho saudades de Portugal e dos meus.

Foi preciso vir até aqui para sentir a falta que fazem, apesar de todas as suas faltas (e fazia-o as vezes que fosse preciso) mas está (quase) na hora de voltar. Quero viajar muito e muitas vezes, mas preciso das minha raízes no seu lugar.

Assim, disse que não a 6 meses nas Fiji ( e com a confusão a qualquer hipótese de um projecto futuro com esta empresa) e começo a planear a minha aventura de 3 meses pela América Latina! E não consigo deixar de sorrir!

Porquês

No meio das várias questoes que me ponho a mim mesma nos últimos tempo poucas têm a ver com o Agora. Penso no que fazer depois, no onde será o depois, no que será o depois, mas poucas vezes penso no que estou a fazer agora.

Muitas vezes porque me limito a experienciá-lo, outras porque me irrito com projectos que nao fazem muito sentido na minha cabeça e algumas vezes também por medo que, se pensar muito nisso, possa chegar à conclusao que isto nao faz sentido...

Mas no outro dia, depois de apresentar uma voluntária no orfanato onde ia trabalhar e de ver a reacçao das miudas à sua chegada e falar com a directora acerca de experiências passadas deixei-me reflectir sobre a verdadeira utilidade de um voluntário extrangeiro num orfanato, ou numa escola.

Ao contrário do que a maioria das pessoas aparenta pensar, nao é o par extra de maos ou a possível ajuda monetária que estes possam trazer. Para isso, e como defendem os opositores ao chamado "volunturismo" seria sempre mais práctico e barato contar com pessoas do próprio país. O que este tipo de experiência traz a estas crianças é a possibilidade de entrarem em contacto com uma realidade e culturas que, caso contrário, nunca teriam a possibilidade de conhecer.

É completamente diferente para um miudo de 14 anos, que, por toda a história de vida que já carrega, se está positivamente marimbando para o que lhe ensinam na escola, saber que a Alemanha é aquele pontinho no mapa que lhe mostram, ou saber que é o país onde nasceu o Hans que vinha jogar com ele à bola e que lhe contava histórias dos amigos e da familia.

Fazê-los relacionar o mundo lá fora com pessoas reais aguça-lhes a curiosidade, fa-los querer saber mais. Para além disso dá-lhes a conhecer uma vontade de aprender que normalmente nao têm.
A estrutura familar onde cresceram nunca lhes transmitiu a importância de estudar seja para conseguir um bom trabalho, boas oportunidades de vida,seja pela vontade do saber. E, porque se sentem diferentes tendem a dar-se com crianças com as mesmas ideias. Ao entrar em contacto com alguém que lhes desperta a curiosidade pela diferença poderao apreender de uma maneira nao impositiva, e por isso mais eficiente, o gosto pelo conhecimento.

Se idolatram a Tina porque é alta e loura e parece uma actriz de cinema, mas está ali com elas a jogar à macaca ou a pintar-lhes as unhas e ela lhes diz que está a acabar o liceu e que quer ir para a Universidade muitas vao querer imitá-la.E quando ela lhes conta que vem da Holanda e lhes mostra fotos mais dificilmente se vao esquecer de onde fica.

Para além disto, também na vida do voluntário existe um impacto com este intercâmbio de experiências. A grande maioria sao jovens de 18 anos, e o choque cultural, quando bem encaixado, permite-lhes apender a lidar com a diferença, torma-os mais humildes e conscientes da sorte que têm.

Por isso continuo a defender este tipo de projectos e empresas. É verdade que pensar que se pode fazer dinheiro disto retira parte do encanto, mas isso nao invalida o mérito e o efeito positivo que eles têm para quem os faz e quem os recebe.

Córdoba a 2

Ao caminhar abraçada pelas ruas que já trato como minhas e escolher o que são os meus sitios preferidos apercebo-me que realmente já me sinto em casa!

Apesar do frio de rachar que fez este fim de semana, das incertezas que não deixam de me assaltar, dos dias em que não podia apanhar o Intercórdoba nem mais uma vez, dos outros em que me apetece saltar ao pescoço de algum médico mais despreocupado ou de um voluntário mais irritante, não trocava este momento de minha vida por nada.

O aqui e agora é bom de mais para pensar no depois...por enquanto!

Da amizade

Salvaguardando todas as lamechices e lugares comuns, quando estamos longe apercebemo-nos de maneira diferente do quanto damos valor à amizade e áqueles que nos rodeiam.

Isto serve quer para a realizaçao de que há pessoas de quem nos mantemos próximas independentemente da distância ou, pelo contrário, de que há pessoas que julgávamos mais próximas que realmente sao. E acontece também que, de repente, nos damos conta que há ainda outras pessoas que acabámos de conhecer e que sentimos como se fossem amigos de toda a vida...

Aconteceu-me há 15 anos na Serra da Estrela, o ano passado em Amsterdao e agora em Córdoba...e sinto que vao estar comigo sempre, independentemente de onde me localize geográficamente... Junto a alguns outros com quem tudo foi mais gradual mas nem por isso menos importante!


( o outro site era filipachatillon.matadoru.com, desculpem o erro!)

Updates

Ainda nao tenho internet em casa..falta de tempo e paciencia para tratar disso!

Isto para justificar a falta de actualizaçoes. A verdade é que últimamente a falta de noticias sao boas noticias! A vida flui quase sem esforço por aqui e os programas surgem naturalmente. Finalmente voltei há ideia que tinha do dia-a-dia por estas bandas. Com pessoas novas, que imediatamente me fizeram sentir bem vinda e querida e que sinto conhecer há muito mais tempo que na realidade conheço.

Já fiz uma mini-viagem ao Noroeste Argentino, que me deixou boquiaberta e com muita vontade de voltar e descobrir mais. O potencial deste país é imenso!

Tenho escrito algumas coisas em Inglês para um curso que estou a fazer, e depois dá-me preguiça de o repetir em Português, mas se quiserem espreitar aqui fica. Comentários/Críticas agradecem-se!

filipachatillon.matadoru.com

Quando tiver ligaçao em casa e puder estar tranquila prometo actualizar e (tentar) inovar por aqui!

Antes de Billie Holliday

- Un expresso por favor.
- Cortado? En Jarrito?
- Solo, corto!
- Te lo llevo afuera?
- No hace falta, aún tarda y espero un amigo.
- Bueno!
- Me cobrás? Así sigo directa a la película.
- El chico te cobra. 5 pesos seria... Vos nos sos de acá!?

Sorrio, já vai sendo hábito...

- No, soy de Portugal
- Ahh, Portuguesa...

E o "chico":

- Eu sou Brasileiro.
- Sim? De onde?
- S. Paulo.
- Bom
- Sim. Sempre vivi lá..é uma metrópole, com tudo de bom e mau que isso tem!
- E aqui, que fazes?
- Parte de um mestrado, em Linguistica. Gosto muito.
- é...Córdoba é uma boa cidade...
- Sim, tem tudo de bom o que tem uma metrópole, mas é pequeno, acolhedor, e as pessoas sao fantásticas!

Eu nao o teria dito melhor...

Malditos filmes franceses

Até estava bem disposta...dia quase perfeito ontem, hoje dediquei-me ao curso, arrumei a casa, li e fui tranquila ver mais um filme do ciclo de cinema francës do cineclub (adoro filmes bons a 80centavos!)...E agora entre o filme, o chuviscar e algumas ausências que dispensava acho que me vou mesmo enfiar debaixo dos lençóis e pronto...

Hoje

Depois de um inesperado jantar, tranquilo mas dentro do espirito Argentino que me lembrava e que ainda nao tinha conseguido reproduzir desde que cheguei (obrigado Gastón e amigos!), e uma noite de sono de 9 horas, o dia nao amanheceu prometedor. Sair da cama foi um pesadelo, sem que consiga perceber porquê e acompanhava-me um torcicolo e uma dor de garganta. "Espero que nao seja o bicho resistente a antibióticos da Vanessa!" pensei e segui para gargarejos de Betadine e bebi chá de limao e cebola com mel (receita infalivel da minha avó. Nunca me deixou mal!). Dia perfeito para andar na rua com voluntários acabadinhos de chegar...grumpf!

Mas os voluntários até sao simpáticos, dentro do tipo "americano ignorante do resto do mundo mas com vontade de conhecer mais", vêm cheios de entusiasmo, ficam pasmados com a minha idade (realmente pareço assim tao mais nova???)e as minhas viagens e eu relembro-me o que estou aqui a fazer e o que já vivi até agora, a dor de garganta abranda e habituo-me a virar o corpo todo quando quero olhar para a direita!

Ginásio

Lembram-se daqueles ginásios de bairro à antiga, pequenos e atafulhados de máquinas? Aqueles com um odor característico, concentrado, em que as máquinas tilintam e os homens fazem caretas? É, a partir de hoje o meu ginásio em Córdoba. Confesso que quando lá entrei ontem para experimentar uma arcaica mas eficaz aula de Aerobox o meu primeiro instinto foi dar meia volta e vir embora, mas decidi dar-lhe uma oportunidade e fiquei.

Para quem está habituado a ginásios "modernos" e ao último grito em aulas de grupo, aquilo que se faz por alí pode ser assustador. Confesso que todo aquele ritmo "a la Jane Fonda" nao faz bem o meu género mas tenho de me mexer e já sei que se nao tiver um sitio onde ir nao o vou fazer (a corrida pelo parque está para ocorrer à uma semana!)De qualquer maneira o ambiente nao é o que se espera à partida. Sim, anda para lá o pintas musculado que nao articula uma frase completa e nao consegue juntar os braços ao tronco, e sim, temos a sala de musculaçao só com homens e a sala de aulas só com mulheres, mas nao há grunhidos de esforço, a faixa etária anda pelos 20-30 e sente-se aqule espirito familiar e acolhedor tipicamente Argentino. A juntar a isso tem algumas aulas de dança e...é barato!

Se me ajudar a reduzir os "flotadores" que nunca tinha tido, cumpriu a sua funçao!

Obrigado

Já me tinha esquecido como é o contacto com os outros que nos alimenta e nos faz seguir em frente mesmo quando achamos que nao sabemos muito bem para onde vamos (ainda que sim, saibamos que estamos no caminho certo!). Depois de uns 2 primeiros dias em que cada momento de pausa me fazia a cabeça andar à roda com todas as dúvidas que o futuro me traz, na conversa com uma voluntária que fui buscar, ouço um "é preciso muita coragem e devias estar muito orgulhosa de ti mesma! Há muita gente acomodada no mundo que nao dá um passo noutra direcçao por medo e só se apercebe disso tarde demais. E com o jeito que tens com as pessoas de certeza que te vais sair bem!" Entre isso e uma série de ideias e contactos que me deu e as palavras de quem já me escreveu agora e incentivou quando ainda nem eu sabia que ia fazer isto, e dos que cá acompanharam todo o processo e me continuam a encorajar e dar força, posso dizer que...sinto-me em casa e cada dia mais confiante! Tenho é de os levar um de cada vez!

Córdoba II

Depois de 26 horas, demasiadas delas em escalas, cheguei! Ainda bem que tive boleia do aeroporto até casa, já nao podia mais com aquelas malas...talvez tenha trazido coisas a mais!

Acho que estou a precisar de descansar mas nao sei se vou conseguir. A minha cabeça nao pára de pensar!

depois de 1 mes e meio...o desconhecido

Depois desta paragem, com todo o stress auto-induzido e gerado pelo deixar tudo para a 'ultima, todos os fins-de-semana e dias de semana que pareciam fim-de-semana a aproveitar a companhia de quem vou ver daqui a pouco e de quem nao sei quando vou voltar a ver, estou a voltar a C'ordoba!

Gostava de nao ter tempos de conexao de voos tao longos, que me deixam demasiado tempo para pensar, quando, neste momento, 'e a ultima coisa que quero fazer... Ainda que nao tenha duvidas que esta foi a decisao certa, que esteja mortinha por l'a chegar e rever toda a gente e comecar a trabalhar...estou apavorada! Nao me saem da cabeca as escolhas que tomei, as possiveis alternativas e os caminhos que nao sei se vou tomar...e os caminhos que ainda nao estou a ver e queria! Tenho de me lembrar a cada minuto que tem de ser um dia de cada vez e que, como aconteceu ate agora, as respostas vao chegar!

Nao tenho de deixar de pensar e reflectir, claro, mas nao j'a, e nao a toda a hora e nao com medo...l'a dizia a bruxa!

Por muitas razões...

O valor das coisas não está no tempo que elas duram, mas na intensidade com que acontecem. Por isso existem momentos inesquecíveis, atitudes inexplicáveis e pessoas incomparáveis!

Pára, arranca...ou arranca e pára!

Cheguei até Madrid...e agora sigo aqui à espera, sem saber se vou, 6 horas depois do previsto porque o voo de Buenos Aires atrasou e claro que o de Lisboa saiu a tempo, e uma senhora com muito má vontade da Ibéria nao se quis dar ao trabalho de fazer uma chamada e ver se podiam trocar por um voo da TAP que saia mais cedo... E as cinzas começam a descer para Sul, começam a fechar Aeroportos no Norte de Espanha, eu estou em espera para o voo das 22.35, que se nao conseguir me deixa em espera para o voo das 9 da manha...se nao fecharem o Aeroporto entretanto...ah, e os hoteis em Madrid estao superlotados... Tenho um nó na garganta que nao conseguido dissolver...

Parada...

Agora que estava mesmo quase, que faltavam menos de 24h, que já estava pronta, com a cabeca lá, a imaginar noites e dias e reencontros...há um vulcao que decide fazer isto??? Onde 'e que j'a se viu aeroportos fechados no meio do Continente Europeu por causa de um Volcao??? E tinha de ser agora? Tinham de fechar o Aeroporto justamente 1 hora antes do meu voo descolar?

Sim, estou a ser egoista, sim, provavelmente 'a muita gente com transtornos muito maiores que os meus 98 dolares e um dia de atraso...MAS EU QUERIA JÁ ESTAR A CHEGAR!...ou pelo menos nao ter chegado a partir!

1 dia

Amanha vou-me embora... Sei que volto, mas ao mesmo tempo, sei que nada vai ser igual quando voltar! Entretanto tenho tanta coisa para fazer que nem tenho tempo para me despedir das pessoas que já cá nao vao estar quando voltar...de qualquer maneira, as que realmente importam sei que vou ver outra vez e que vou saber sempre como e onde andam! Ainda assim nao consigo evitar alguma nostalgia por antecipaçao...já sabia que ia ser assim...ou pior, quando vim, porque nao imaginava que ia ficar, mas ainda assim é dificil imaginar os Domingos sem o sms das 2 da tarde a dizer "Filipita did u survive last night? shall we go to the market?" ou o expontâneo "Oh my god, we´re going to Mendoza!!!", ou Buenos Aires, ou Uruguai, ou La Cumbre, ou`ao parque ou à esquina... Ou saber que já nao vou acordar e tomar o pequeno almoço com a Gringa a perguntar-me como foi a noite ou dia, ou o que andei a fazer o dia anterior tao ou mais entusiasmada que eu com os meus planos e mudanças...

Por outro lado...Já tenho casa cá!É é muito engraçada, tem um Jardim e está mesmo no centro (eu e a Vanessa estávamos histéricas quando de lá saímos!), e é muito bom saber que volto e tenho já amigos cá, com quem sinto uma relaçao mais próxima já que os apenas 3 meses que passei nao fariam suspeitar...pesoas com quem trabalho, pessoas que conheci através da Gringa, pessoas que conheci literalmente pela rua e que agora fazem parte do meu quotidiano...e sim, uma pequena familia, que espero continuar a sentir como tal quando volte!

Tudo me parecem incógnitas...nao sei como me vou sentir lá (aí?) quando vá de aqui...ou como me vou sentir outra vez cá quando volte...Onde me vou sentir em casa?

Nao sei se estou a voltar ou a partir! Mas tenho muita vontade de ir...e voltar!

Siestas e palhaços

8 de Abril:

Eu devia ser mais forte que esta cama...
Devia, pela pessoa que sou, ser contra sestas...que desperdicio de tempo! Mas ela chama-me, diz-me. Traz o teu livro e descansa aqui só um bocadinho...Vais estar mais fresca à noite! E eu resisto, e vou arrumando o caos permanente que se instala nos meus quartos, seja em que país for, e ela olha para mim... Juntam-se-lhe as cortinas presas e o jardim que brilha através da janela, a fazer lembrar aqueles primeiros dias aqui, em que o calor tornava impossível nao o fazer... E aqui acabo, já em pijama, com a promessa que será só por uma horinha!


11 de Abril:

Estou apaixonada pelos palhaços! Na sei se por todos, mas por estes que me fizeram rir, chorar e pensar...e dançar!
Que fizeram com que o fim de tarde se torna-se principio de noite e a noite avançasse sem que desse por ela...Vou querer voltar muitas vezes aos domingos no espaço Bataclan! E vou querer ver os Entangados onde estejam e eu possa lá chegar! Senti-me criança com consciência de adulto...ou adulto com espirito de criança, que me parece melhor!

Nao consigo pensar em melhor maneira de terminar o meu último domingo do meu primeiro período em Córdoba que com a ´Célia, no Bairro Güemes com um espectáculo destes! Até me esqueci do dia de cama de ontem! E tive a certeza que sim, estava tomar a deciaso certa!

Vou, mas volto!

Começo a contar os dias...os minutos!
Sair de Córdoba nao vai soar a despedida...sei que volto! Ainda que muitas das pessoas que conheci já nao vao cá estar quando voltar, a única de quem vou sentir realmente falta é da minha eterna companheira, a Celia! Mas tenho a certeza que ela vai voltar cá...e mesmo que nao volte, que nos vamos encontrar por esse mundo que queremos partilhar!
Felizmente que fiz já alguns amigos de cá, de quem vou com certeza ter saudades enquanto estiver em Portugal, mas que sei estarao à minha espera quando voltar!

Assim...quero muito chegar rápido! Distribuir beijos (tantos beijos!), abraços, contar histórias, mostrar fotos, matar as saudades que já tenho e aquelas que sei vou ter depois,discorrer nos planos de vida, na ausência deles, sonhar em conjunto com ideias antigas, ter ideias novas!Vai ser um mes e meio muito curto...com algumas viagens pelo meio, que as saudades nao se limitam a Portugal e à uma rainha para celebrar!

Até Já!

Quinta-feira...

Ontem fui à bruxa...Numa de brincadeira deixei que me lessem as cartas...e ainda me arrepio toda cada vez que penso nisso! Foi impressionante...entre sorrisos e choradeira saímos de lá estoiradas! Demasiada informaçao, demasiadas emoçoes, demasiado tudo, mas com todas as reservas que ainda lhe ponho, saí de lá ainda mais confiante! Eu nao acredito nelas, mas que as há...há!

Como se nao fosse suficiente, depois disso fomos almoçar coma Carole, que se foi embora logo a seguir. Ela foi a primeira pessoa que conheci aqui e a minha companheira de viagens...sei que a vou ver outra vez, que nao nos vamos esquecer, mas ainda assim, nao saber quando nem onde e saber que ela já nao está cá é estranho...já sabiamos que ia ser assim, mas é sempre dificil!

Para acabar o dia foi o meu ultimo como voluntária em Aldeas...continuo com sentimentos contraditórios com aquele sitio mas...nao consigo explicar...por um lado sinto-me aliviada por saber que agora só lá vou quando quiser, posso escolher e só buscar a Carla para dar uma volta, dedicar-me aos miudos com que realmente consigo comunicar, por outro sinto que os estou a abandonar, mas é quase impossivel conseguir fazer alguma coisa com aquela (falta de) organizaçao! Vou tentar organizar melhor o projecto de voluntariado, agora que estou dentro do assunto, mas sem a colaboraçao das pessoas resposáveis pelo lugar é impossivel! E dizer que nao me vou embora de vez para já, senao tinha sido uma choradeira pegada de certeza!

Quando o dia, que pareceram 2 acabou eu e a Célia estávamos de rastos! Como eu estava sozinha em casa decidimos ir alugar filmes e fazer uma noite caseira...adormecemos aos 10 minutos do primeiro!

Saudades

Nao há melhor maneira de o descrever...Posso explicar que sinto muito a falta de, que chega a ser uma sensaçao fisica, um aperto na barriga, uma falta de ar momentanea que nao consigo controlar, uma imagem que nao me sai da cabeça, uma rabujice inexplicável...mas nao encontro em lingua nenhuma uma palavra que o resuma tao bem...nem que tenha usada tantas vezes nos últimos dias!
Agora que sei que vou voltar para cá, tenho muita vontade de chegar rápido a Portugal...fazes-me falta...

Buenos Aires

Quero que vejas isto tudo
Quero dançar tango pela calçada de S.Telmo
Quero-te mostrar as cores de Caminito
As lojas de Palermo
As cores dos Parques
e das casas
e das Avenidas enormes que nao sufocam

Quero que olhes para os edifícios
e te pasmes como eu
Quero que estejas aqui
E vivas isto comigo...

Quase a caminho de Buenos Aires

Estou com o cansaço perfeito para mais uma viagem de 9 horas, durante a noite em Coche-Cama...vai ser comer e dormir nestes autocarros fantásticos!
Ontem fomos outra vez ajudar a construir as casas de Adobe para a escola técnica de Rio Ceballos.Voltámos a sair na noite anterior, porque ontem foi feriado, mas desta vez dormi mais um bocadinho (5 horas!) porque fomos mais tarde, mas também ficámos mais tempo portanto hoje, porque estou em tao boa forma, estou toda partida... Enfim, quando estiver a viver sozinha e já estiver no centro vou ter tempo para voltar ao meu físico de antigamente...

POr agora, estou ansiosa por chegar a Buenos Aires, descobrir todos os recantos e ainda dar um salto ao Uruguai...volto quarta-feira!

Ontem fui à bola!

Ontem fui à Bola!
Belgrano contra...bom, nem sei...mas foi uma festa! Os Argentinos vivem tanto ou tao pouco o futebol que os adeptos das equipas contrárias nao podem entrar nos estádio da equipa que joga em casa! Havia sempre problemas, muitas vezes com mortos!

O Belgrano é uma equipa da Divisao B, que ontem, como ganhou, passou à A (ainda estamos para perceber como isso acontece a meio da temporada, mas a Sofia também nao nos soubes explicar e na Suiça, Austrália e Portugal isso nao acontece...vamos tentar descobrir), e que tem uma claque chamada Piratas, com Tambores, saxofones e toda uma panóplia de gente e instrumentos. Como estávamos na bancada popular nao consegui ver muito do jogo...demasiada gente, redes, arame farpado...gente em cima das redes e arame farpado...à primeira vista o estádio parce uma prisao! Mas foi muito giro!

Depois comi O LOMITO! Fiquei a abarrotar e acho que hoje de manha ainda o estava a digerir, mas soube-me pela vida (a fome também ajudou!).

Hoje estou cheia de sono...outra vez, mas acho que vou sair porque amanha é feriado!

1 semana depois

Ando muito cansada! Isto de ainda ser voluntária e já estar a trabalhar e querer sair na mesma e já nao ter tempo para as siestas a que já me tinha habituado nao tem sido fácil de gerir! a juntar a isso fartei-me do repelente e fui atacada como nao pensava ser possivel. Pelo menos já me deixaram os tornozelos...agora picam-me através das leggings, na coxa...já fui comprar mais Off!

Quanto ao trabalho, neste momento ando só a acompanhar a Sofia e a Inés, para conhecer todos os placements e as familias e o funcionamento das coisas. É muito cansativo, mas nada aborrecido. Estou fora de casa todos os dias e só neste bocadinho já fiquei a conhecer muito mais de Córdoba e das redondezas...ando é muito de autocarro, o que nem me chateia muito porque sao bons... a nao ser quando tenho de esperar muito por eles!
Alterno entre estados de certeza e ansiedade quando penso na escolha que tomei e na incerteza quanto ao que quero fazer depois, mas estou segura que tinha de o fazer agora...sei que as repostas vao surgir entretanto, como aconteceu nestes 2 meses!

Entretanto decidi trocar de orfanato 3 dias por semana. As coisas em Aldeas continuam dificeis porque as tias continuam sem colborar e a Brenda anda descompensada...eu e Sofia estamos a tentar mudar os contornos do projecto mas ninguém parece importar-se dentro do orfanato e nao está fácil...se nao conseguirmos vamos ter de deixar este projecto, o que é uma pena para os miudos!´e é ridiculo porque é o orfanato com melhores condiçoes que vi,(agora que os ando a correr a todos para conhecer)e podia-se fazer muitas coisas! Continuo a ir terças e quintas, porque nao conseguia deixar os miudos mas segundas, quartas e sextas estou noutro, com 20 miudos, dos 2 aos 8...também sao uns terroristas! Mas estou mais envolvida na vida do sitio, ajudo com o lanche, a trocar os miudos quando acordam da sesta ou vêm da escola e depois bricamos o resto do tempo. temos mesas e cadeira para alem do jardim por isso dá para lanear muitas actividades...mas as condiçoes...quando de lá vim no primeiro dia apetecia-me chorar! As paredes estao cheias de falhas, com a tinta a cair, as portas partidas, as camas têm uns colchoes e lençois inacreditáveis e alguns nem almofadas têm. Há só 2 casas de banho. Ainda só fui 2 vezes, mas parece-me que ali damos mesmo uma ajuda grande!

Descanso

Hoje dediquei-me a ... descansar! Depois de um passeio pelo parque ontem, que se transformou numa garrafa de vinho em casa da Carol, que se tranformou num jantar com a Célia em Belgrano, que se tranformou numa saída com mais pessoal, que se transformou num sono e frio incontroláveis às 4.30 da manha e uma sorte desgraçada em conseguir um táxi, hoje dediquei-me a dormir, apanhar sol no Jardim, conversar com a Sabina enquanto o fazia, dar uma arrumadela no quarto que estava absolutamente submerso em roupa espalhada, escrever e ler! Baixei agora paea vir aqui ver as novidades e comprar e jornal (há-que começar a prestar atençao aos classificados!) e vou voltar para o meu descando! Estou mesmo relaxada!

Quase nao aguentei...

O último dia em Mendoza nao prometia nada de especial...acordámos cansadas e mal humoradas porque o Lennie ressonou como se nao houvesse amanha toda a noite, ou melhor madrugada, pelo que nos levantámos às 9 da manha, com 4 horas e meia de sono entrecortado a cada 2 minutos por roncos vindos de uma profundeza que nao lhe advinhávamos!
Andámos às voltas durante manha a ver o que nos faltava da cidade e depois de almoço estávamos tao cansadas que já maldiziamos ter comprado o bilhete de autocarro só para a noite...decidimos voltar ao Hostel e descansar à beira da piscina (quase apenas tanque, mas agradável, com camas de baloiço debaixo das videiras1)...mal nos podíamos mexer com o calor de qualquer maneira! Depois de uma siesta curta e de me actualizar (comprei um jornal pela primeira vez em 2 meses...que vergonha!) começaram a chegar os outros hóspedes com quem tinhamos jantado no dia anterior num assado organizado pelo Hostel e, naturalmente, sem que nos apercebessemso muito bem como, armou-se outro jantar! Acabámos 2 checos (qua falavem checo, inglês, espanhol e brasileiro!!!), 1 holandês, 2 americanos, 1 portuguesa, uma suiça, 1 francês e 2 argentinas num dos melhores janatres que já tive com desconhecidos! Tivemos de sair a corer, ainda alegres do vinho e quase perdiamos o Taxi para o terminal! Ainda bem que tinhamos só bilhete para a noite!!

Esta semana comecei a trabalhar...ainda estou mais a ver, a conhecer os placements e as familias, mas já fiz um induction a 3 voluntários sozinha! O único problema é que continuo com o meu projecto e nao quero dexar de sair e estar com o pessoal, o que implicou que dormisse um total de 10 horas esta semana (isto depois do fim-de-semana em mendoza!)... na sexta-feira achei que nao ia aguentar mais...e a juntar a isto esteve um temporal para o qual nao estava minimamente preparada, pelo que passei o dia ensopada, gelada e a dormecer em cada autocarro em que entrava!

Felizmente já recuperei...posso comrçar tudo de novo!

Mendoza..e a vida!

POdia ter sido o pedalar por Avenidas ladeadas por àrvores e vinhas, podia ter sido o visitar pessoalmente as Bodegas, podia ser porque está um dia lindo e estou a viajar e quase consigo tocar os Andes, podia ser porque me fartei de conhecer gente ainda que só de passagem...mas o que tornou este fim-de-semana mesmo mesmo perfeito foi conhecer gente ainda mais velha que eu, que também acha que o mundo é demasiado grande e a vida demasiado curta para nos acomodarmos numa vidinha insonsa, que há coisas muito mais importantes que o dinheiro que podemos fazer e que nunca é tarde para mudar tudo e realmente aproveitar!

Aqui fica a minha homenagem ao Lennie, Irlandês de 41 anos, actor em férias pela 2a vez na vida, há 2 meses na Argentina, em transito pela Améria até aos Estados Unidos...e depois logo se verá, é à Jessica, Ex-professora, Inglesa de 30 anos, em transito pela Argentina, vinda da India e Canboja e seguindo para o Peru Brasil e Bolivia onde lhe espera voluntariado por 3 meses a tratar de cavalos...e depois logo se verá...e ao Matt e à Maryann, e ao grupode Israialitas...e a todos os outros de quem nem soube o nome mas com quem falei horas!

Estou muito muito feliz!

Para todos os que se têm queixado...

Tenho recebido algumas queixas de que nao estou a actualizar o blog...peço desculpa, mas o tempo nao tem abundado, a inspiraçao tem falhado e/ou tenho tido muito em que pensar e que viver! Mas agora deparo-me com a dificil tarefa de resumir a última semana e meia... Vou tentar incluir (quase)tudo sem me extender demasiado, mas nao sei se o vou conseguir (aqules que me conhecem melhor sabem que tendo a perder-me nos pormenores!).

Comecemos pelo orfanato: Já desde alguns dias atrás me sentia um pouco desanimada porque tinhamos poucos míudos que saíam quando estávamos, porque nao conseguíamos planear, quanto mais concretizar actividades organizadas, porque as tías, na sua maioria, nao colaboram e (às vezes) até parece que boicotam um pouco os nossos esforços...confesso que havia mesmo dias que nao me apetecia ir e considerei até mudar de projecto, mas depois lembrava-me dos poucos míudos que estao sempre connosco, dos que perguntaram sempre por mim cada vez que, por alguma razao, nao fui e do que iam sentir, e nao conseguia deixar de ir, mas também nao me sentia bem quando lá estava.

Na 4a feira fizemos um workshop com todos os voluntários que estao em projectos em orfanatos e o staff da projects, em que partilhámos experiências e dificuldades, trocámos ideias para actividaes e como lidar com os miudos e, nao sei se por isso ou nao, na 5a feira quando fui senti-me muito mais tranquila e tudo me pareceu mais fácil. E depois 6a feira...como explicar como me senti 6a feira... Tivemos uma visita muito especial, que me tocou imenso...e que fez todo o sentido nesta fase da minha vida! Chama-se Damien Lopez, é Argentino e está à 3 anos a fazer o percurso Alaska-Ushuaia (na Patagónia) em bicicleta, e a percorrer todas as Aldeas SOS na América Latina...tem 33 anos e é (era) professor de Química e investigador na Faculdade, mas a sua verdadeira paixao era o desporto e as bicicletas. Assim, o que começou como um projecto unicamente pessoal de modo a realizar um sonho, depois de conhecer os miudos de uma Aldea por onde passou, passou a ser também um projecto de divulgaçao da organizaçao e angariaçao de fundos para todas as Aldeas onde vai passar por todas, ficar com eles uns dias, contar-lhes do seu projecto, do mundo... Vejam o site, vale a pena:
http://www.jamerboi.com.ar/mainenglish.html

Vim d elá ainda mais feliz que na 5a, a pensar que sim, que faz sentido, que podemos e devemos lutar pelos nossos sonhos e pelo que acreditamos, que podemos fazer a diferença com pequenos e grandes passos, que podemos deixar o mundo um bocadinho melhor! E na 2a as Tias da casa dos míudos com quem estou mais convidaram-me para jantar com eles antes de me ir embora, agradeceram-me por tudo...senti-me ainda melhor!
E de seguida fui eu ao encontro dos miudos que nao podiam sair de ao pé da casa deles, e eles ficaram tao contentes por eu estar alí que nao me largavam... estive a beber Mate com as mais velhas, a empurrar o baloiço aos mais pequenos (e nao tao pequenos...é incrivel o que fazem por atençao!)e, de repente, tinha os miudos de outras casas também à minha volta... Tinha de empurrar o baloiço simultaneamente à Juliana, ao Matias e à Malena, enquanto continuava a falar e a tomar Mate com a Macarena e a outra miuda que aind nao sei o nome porque nunca saía, com o Facundo a chamar-me para que o visse saltar no pneu, a Verónica que me queria mostrar que dava um a cambalhota na barra, o Ramiro que queria que visse que fazia bolas de sabao e a Pamela que nao me largava o pecoço com beijos e abraços, enquanto iam chegando sempre mais, agora com a vera, a marlies e o Joris já por alí, porque estava na hora de irmos embora...mas ainda nos levou mais meia-hora a despedir de todos!

A toda esta montanha-russa de emoçoes à que juntar:
1) mais uma saída para ver o Dj Martin Huergo na 5a, que, porque o Joris se pôs a falar com ele na festa de sábado passado e tinha o numero ( e o rapaz é realmente simpático!) nos pôs os nomes na guestlist dele e, como também mora em Villa Allende ainda nos deu boleia para casa! E, por coincidência também vai estar em Mendonza para as festas da Vindima na 6a, como eu! Aliás, eu vou estar todo o fim-de-semana e depois cruzo os Andes e dou um pulinho ao Chile, a Valparaíso...finalmente matar saudades do mar!!!

2)Um fim-de-semana em Ichu Cruz, a 1 hora de Córdoba, em Cabanas, junto ao rio...um sitio lindo lindo e sossegado, excepto quando se juntam à noite 26 voluntários no alpendre de uma cabana de 6...

Entre tudo isto e tudo o que me vai na cabeça, a única coisa que tem faltado (para além da óbvia falta que sinto de todos vocês!) sao noites bem dormidas!

Eu e o Chris somos os únicos voluntários acimas dos 26 anos (estando a grande maioria nos 18/19 anos!) mas é incrívelcomo isso se sente pouco... Há alguns que sim, com quem nao consigo grande empatia, mas é impressionante como consigo estar horas a falar com a Célia, a Ross, a Eliza ou o Joris...Só mesmo na capacidade de controlar o álcool e as reacçoes ao mesmo é que sinto realmente alguma diferença!

Quanto a fotos (outra das queixas) lamento informar que a minha máquina nao sobreviveu à "espuma louca" do Carnaval de Unquillo de à 3 semanas atrás e por isso, enquanto nao chegar a que já está encomendada ou consiga reunir as fotos das outras máquinas (projecto que se tem afigurado complicado!), estou dependente dos tag´s no facebook, mas estou a tratar disso!

Gringa

Depois do choque inicial
Do desencontro, quase final
Agradeço ao destino o ter ficado
E, a ti, digo: obrigado!

Obrigado pela descontracçao
Por me fazeres sentir em casa
Pelas conversas intermináveis
Obrigado por me ensinares
Este País, a cultura, o bom e o mau
Por me me mostrares o realismo mágico
Nao o dos livros, mas da vida
Pela pilha de livros
a que cada dia acrescentas mais um
Por te interessares
Por saberes já tudo sobre mim
Sem que desse conta que te o contava!

Por te entusiasmares com as minha loucuras
Por as incentivares
Sem ao mesmo tempo me deixares perder a razao
Pelas análises de tudo
e de nada

Pelo teu ar jovem apesar das rugas
Pelas lágrimas fáceis
mas verdadeiras
Pelas gargalhadas
Pelo brilho nos olhos
Por nunca te ser suficiente
por quereres saber sempre mais
Por nunca parares a nao ser para a sesta!

obrigado por me fazeres sentir interessante
Preocupada, com vontade de ser mais e melhor!
Obrigado por me integrares
Aqui, em mim e no Mundo!

De Fiesta(s)...e lama

Já que nao estava outra vez a dormir nada de jeito (pensar demasiado traz estas coisas...), melhor que aproveitasse o tempo! Sendo assim, toca de ir experimentar um "boliche" (palavra cordobesa) para discoteca na quarta-feira e outro na sexta-feira (este considerávelmente maior e melhor e com uma dose nao tao enjoativa de reaggaeton!). Devo dizer que a insistencia dos Argentinos pode chegar a ser irritante, ainda que nunca sejam malcriados e se afastem ao primeiro "chega para lá", vao sempre tentando outros...tudo bem que um grupo de 10 estrangeiras, quase todas loiras com apenas 3 rapazes tem os seu efeitos,mas já basta! O Joris e o Chris foram usando a diplomacia possivel e chegaram a fazer alguns amigos que ao mesmo tempo que os incitavam a dançar, gozavam com a sua incapacidade para mexer as ancas (diga-se de passagem que eles, pelo contrário, as mexem talvez demasiado...chega a ser esquisito ver rapazes a dançar assim!).

Nunca pensei que fosse chegar a casa tao tarde e tinha-me comprometido (comigo mesma) ir ao Dirty Weekend,ajudar a construir uma escola em Adobe.Sao feitas em barro e canas, sobre uma estrutura de madeira. Eram feitas antigamente, por sistema, na América Latina e agora estao a desenvolvê-lo outra vez. É um conceito ecológico, económico e funcional muito interessante por si só, e ajudar a fazê-lo para uma escola técnica para miudos desfavorecidos,que nao tem qualquer apoio do estado, pelo contrário, até lhes dificultam a vida, foi muito recompensador (nem dei pela única hora de sono que tinha!). É um orgulho fazer parte de uma Minga ("antigua tradición de trabajo comunitario o colectivo con fines de utilidad social. Es un sistema que se usa en Latinoamérica desde la época precolombina. Puede tener diferentes finalidades de utilidad comunitaria como la construcción de edificios públicos o ir en beneficio de una persona o familia")

Depois do almoço, uma sesta curta mas suficiente e uma amostra de um festival de musica latino americana (fraquito, mas ainda assim interessante!)seguimos para uma festa, da qual soubémos porque um dos organizadores parou o Joris no meio da rua para lhe perguntar de onde era! E que festa! Finalmente um pouco de Techno! 3 Horas a dançar sem parar, apesar do calor que nos fazia reluzir e parecer que tinhamos acabado de sair do duche!

Domingo foi dia de dormir (finalmente!) e mercado...e descobrir o Chez (bolas, nao me lembro do nome!!!)... de qualquer maneira, um sitio espectacular onde quero voltar muitas vezes..pelo ambiente, pelas cores, pela comida, pelo espirito, pelas frases na parede e pelos puffs onde nos refastelá-mos!

Acabei o fim-de-semana com a frase perfeita: "ni sumisas ni devotas...libres, lindas y locas!"

Desganas

A conselho da Sofia fui pesquisar mais do autor do outro poema que descobri...e nao pude deixar de partilhar este...Neste momento faz todo os entido também...espero que nunca deixe de fazer!

Si cuarenta mil niños sucumben diaramente
en el purgatorio del hambre y de la sed
si la tortura de los pobres cuerpos
envilece una a una a las almas
y si el poder se ufana de sus cuarentenas
o si los pobres de solemnidad
son cada vez menos solemnes y más pobres
ya es bastante grave
que un solo hombre
o una sola mujer
contemplen distraídos el horizonte neutro

pero en cambio es atroz
sencillamente atroz
si es la humanidad la que se encoge de hombros

Mario Benedetti

Cosquin Rock

Teve de tudo para correr mal... O Joris ficou sem máquina fotográfica e carteira na primeira noite (roubadas directamente dos bolsos, com as maos dele dentro dos mesmos!) e a Eliza na última, a tenda era de 4, para 5, às vezes 6, choveu como se o mundo fosse acabar, formou-se um rio de lama em frente á tenda (que miraculosamente sobreviveu imunda mas intacta), os autocarros eram esacassos, sobrepopulados e atrasavam, nao conheciamos as bandas e quase nao nos conheciamos uns aos outros e nao fazíamos a minima ideia no que nos estávamos a meter... E ainda assim, com poucas e mal dormidas horas de sono, com muito calor na primeira noite e muito frio nas outras 2, ensopados e sem água quente, puxámos uns pelos outros, gritámos as letras que todos os 50000 Argentinos à nossa volta conheciam, senti-mo-nos, como eles tocados por elas, saltámos até nao podermos mais, partilhamos litros de cerveja, choripans, conopizzas e panchos, chegámos a acordo quanto à melhor maneira de transportar a vodka, discutimos acesamente música fuebol e política com músicos de Buenos Aires (que nos ofereceram a casa...assim sao os Argentinos!), admirámo-nos com a coincidência do omnipresente Roberto, rimi-nos com os arranhoes misteriosos na testa do Joris (ainda por explicar até pelo próprio), a capaciade de negociaçao da Eliza (temos várias t-shirts resultantes deste fenómeno), os bigodes da Ross, o meu arbusto perfeito depois de convencido o segurança que tinha mesmo de ser já e os filmes alucinantes da Célia.

Ficam na memória Las Pelotas, Skay, Las pastillas del abuelo, Ciello razzo, Charly Garcia, mas principalmente tudo o que conseguimos ultrapassar e viver para, ao chegar a casa imundos, molhados, roubados , sem sentir as pernas e as costas, com olheiras até ao chao responder "Nos encantou!" cada vez que nos pergntaram " Como lo pasaron?"

El Campo

Chegamos depois de 2 horas de viagem (com 3 horas de sono por causa do Carnaval da noite anterior), 1 delas por estrada de terra, com uma condutora que adoro mas que nao passou dos 50Km/h, mas a paisagem e o isolamento do caminho faziam já adivinhar a grandiosidade do sitio...ainda assim nao estávamos preparados para o espírito do que se ia viver.

Depois de estacionado o sobrevivente opel corsa (que precisa de reabastecimentos de água diários, verificaóes de óleo constantes e cujos limpa-parabrisas nao funcionam) bem de frente para o campo onde estavam os cavalos, olhámos à volta e repirámos fundo... Uma casa com alpendres enormes, o forno e o churrasco para o "asado" (que ocupam uma parede!), a piscina e campo...apenas campo a perder de vista...um mar de verde!
Largamos as mochilas e vamos, com as nossa queridas anfitrias Argentinas conhecer os donos da casa 8o aniversariante) e os outros 50 convidados.
É incrivel a uniao que se sente entre todos. Familia, amigos e amigos dos filhos e... estrangeiros como eu, a Marlies e o Joris. Como todos sao bem recebidos e acarinhados, sem qualquer cerimónia, como se fizessemos parte de tudo aquilo... Como 50 pessoas com idades entre os 14 e os 70 anos convivem em harmonia. Como se partilham experiências , discute politica enquanto um jogo de truco se desenrola ao lado, joga volley, roda um Mate e maes e filhas discutem o silêncio do amigo solteiro que parecia bem para as amigas solteiras (uma tripla de idades compreendidas entre os 58 e os 63), ou como se canta sobre 2 guitarras e declama poemas Riojanos, dança no alpendre até às 4 da manha e depois se vai dormir, aos 7 de cada vez em cada quarto, com as tais Sras. solteiras a partilharem colchoes no chao com as miudas!

Dos 50 ficaram 30 para o dia seguinte, que decorre da mesma maneira, sem pressas, todos limpam o que ficou do dia anterior, gozasse com a dança deste, a borracheira daquele enquanto se acorda de vez. Agora vai um banho de piscina, um jogo de ténis (um ecaldao nas pernas), se descobre mais um bocadinho de quem ainda nao se conhece bem, enquanto se preparam as brasas para aquecer a carne...Até ao fim do dia, quando nos viémos embora, sobre muitos protestos de que deviamos ficar até ao dia seguinte, exaustos, escaldados, mas com a sensaçao de termos vivido o verdadeiro espirito Argentino!

No te Salves

Já tropecei com este poema várias vezes desde que cheguei...e acho que percebo porquê!

No te quedes inmóvil
al borde del camino
no congeles el júbilo
no quieras con desgana
no te salves ahora
ni nunca
no te salves
no te llenes de calma

no reserves del mundo
sólo un rincón tranquilo
no dejes caer los párpados
pesados como juicios

no te quedes sin labios
no te duermas sin sueño
no te pienses sin sangre
no te juzgues sin tiempo

pero si
pese a todo
no puedes evitarlo
y congelas el júbilo
y quieres con desgana

y te salvas ahora
y te llenas de calma
y reservas del mundo
sólo un rincón tranquilo
y dejas caer los párpados
pesados como juicios
y te secas sin labios
y te duermes sin sueño
y te piensas sin sangre
y te juzgas sin tiempo
y te quedas inmóvil
al borde del camino
y te salvas
entonces
no te quedes conmigo

Mario Benedetti

Depois da tempestade

Finalmente a temperatura baixou!
Ontem há noite passou qualquer coisa parecida com um mini-tornado...nada que causasse estragos, mas, fosse eu Gaulesa e teria temido pelo meu fim! Mais de uma vez senti as paredes tremerem coma trovoada, vi o céu transformar-se de negro em violeta, rasgado pelos relampagos, as árvores mais frageis perto de cederem à força do ventoe bateladas de água, que regaram as plantas que quase morriam, levaram o alor que nos asfixiava e me lavaram a cabeça a mim! Dormi tranquila!

No meio da cozinha, enquanto tudo isto se passava lá fora, estudei matemática e quimica do 8ºano, para ajudar 2 miudas do orfanato que têm de fazer exames para nao chumbar agora...foi muito engraçado rever os conceitos base de cálculos e estados da matéria...reaprendi as regras daquilo que sabia fazer, mas nao sabia explicar como!

A próxima semana vou trocar o meu horário 3 vezes por semana para poder estar mais anquila com elas, de manha...ontem queria tirar duvidas e ao conseguia porque os outros miudos estavam sempre a perguntar porque nao ia lá para fora brincar! E quero ver se consigo outro projecto também, em equinoterapia, mas isto nao é certo!

E tenho planos, muitos planos!

Há dias assim...

Hoje nao dormi nada porque nao conseguia deixar de pensar, fui ao cinema ver um filme que nao gostei e usei uns chinelos que me fizeram bolhas nos pés e ainda assim nao consegui deixar de pensar!A sensaçao térmica foi de 44º e dentro do autocarro com bancos de veludo estava mais de certeza, cheguei tarde ao orfanato e saí cedo porque vem aí uma tempestade e vou andar para casa debaixo dela, de certeza... Há 20 minutos atrás ainda nao tinha conseguido deixar de pensar, mas agora vejo uma saida...hoje já vou dormir melhor!

ActualizaÇoes

HOje chega a minha companheira de casa...Holandesa, de 18 anos. Vai ser bom ter companhia para as caminhadas ate ao autocarro, mas confesso que estou com pouca vontade de partilhar a Gringa ( Maria, a minha anfitria, a quem toda a gente chama assim porque é ruiva e a mim tambem ja se me entranhou!)...acho que nunca conversei tanto com alguém de 63 anos, ou de sentir que tenho de fazer sala e nao ficar perdida no janrdim a ler os meus livros de vez em quando...logo se verá!

Ontem tive o janatr mais aborrecido da minha vida...o vizinho do lado convidou-me para ir a Carlos Paz, mas nao tinhamos nada que ver um com o outro e parecia que conseguia ver o cerebro dele a esforçar-se a pensar no que e ia dizer a seguir!

Argentina...

É muito!
É tudo
É demasiado
Era necesário!

É este País de Contrastes
Este Continete de Sentimentos
Esta Corrente de Pensamentos

É sentir que nada vais ser igual
Que o cambio é total!
É parar, e ter medo, e chorar
e ainda assim continuar!

Noites Argentinas

Conversas em Castellano com sotaque português, cada vez mais Cordobês, à borda de uma piscina iluminada pela lua...

Conversas em inglês com sotaques português, francosuiço, holandês, alemao e britânico em bancos de madeira altos com a musica ao fundo que nem ouvimos...

Partilhas de vidas, experiências, planos, medos, sentimentos, gargalhadas, futilidades, história e estórias e a sempre presente Quilmes para acalmar a termperatura que nao nos dá tréguas nem de noite...

Porque parecia que me vinham de dentro...

Já tinha comentado o quanto me tocou ler "La resistencia", de Ernesto Sabato...é um livrinho pequeno em tamanho, mas gigante em mensagem, em reflexao sobre a condiçao humana e o (ou um!) sentido da vida...Para mim fez todo o sentido, parecia que tirava palavras do meu pensamento, que eu nunca seria capaz de exprimir tao eloquentemente porque me falta a arte para tal. Deixo-vos com alguns excertos (mantive o orignal para ter a certeza que nao se perde nada na traduçao):

"Creo en los cafes, en el dialogo, creo en la dignidad de la persona, en la libertad. Siento nostalgia, casi ansiedad de un Infinito pero humano, a nuestra medida."

"No hay otra manera de alcanzar la eternidad que ahondando en el instante, ni otra forma de llegar a universalidad que a través de la propria circunstancia: el hoy e aqui. Y entonce como? Hay que revalorar el pequeño lugar y el poco tiempo en que vivimos, que nada tienen que ver con esos paisages maravillosos que podemos mirar en la television, pero que están sagradamente impregnados de la humnidad de las personas que vivimos en él"

"Ni el amor, ni los encuentros verdaderos, ni siquiera los profundos desencuentros son obra de las casualidades, sino que nos estan misteriosamente reservados(...)Entre la multitud de personas que existen en el mundo, nos cruzamos con aquellas que, de alguna manera poseían las tablas de nuestro destino (...)Nunca supe si los reconoce por que ya se los buscaba,o se los buscaba porque ya bordeaban los aledaños de nuestro destino.
El destino se muestra en signos e indiciios que parecen insignificantes pero que luego reconocemos como decisivos. (...) Pero no creo en el destino como una fatalidad (...) creo que la libertad nos fue destinada para cumprir una misión en la vida, y sin libertad nada vale a pena!"

"quando la cantidad de culturas relativiza los valores e la "globalización" aplasta con su poder y se les impone una uniformidad arrogante, el ser humano, en su desconcierto, pierde el sentido de los valores y de si mismo y ya no sabe en quién o en qué creer"

"Creo que lo esencial de la vida es la fidelidad a lo que uno cree su destino, que se revela en esos momentos decisivos, esos cruces de caminos que son dificiles de soportar pero que nos abren a las grandes opciones. Son momentos muy graves porque la eléccion nos sobrepasa, uno no ve hacia delante ni hacia atrás, como si nos bajase una niebla en los momentos cruciales, o como si uno tuviera que elegir la carta decisiva de la existencia con los ojos cerrados".

"debemos revalorar, detenidamente qué entendemos por resistir. No puedo dar-les una respuesta (...) La vida es ser trabajador de horario completo o quedarse excluido (...) la gran soledad de la persona original es una de las tragedias del vértigo y de la eficiencia. Es en el reconocimiento de la orfandad de tantos seres humanos donde el hombre puede descubrir e crear una existencia diferente (...) Debemos reconocer el lugar dnde oponer resistencia, donde palpar el espacio de libertad que esta a las puertas.
La 1ª que debe ser reparada es la desvalorización de si mismo que siente el hombre, y que conforma el paso previo al sometimiento y a la masificacion."

"No permitir que se nos desperdicie de los pequeños momentos de libertad que podemso gozar: una mesa compartida congente que queremos, una caminata entre los arboles, la gratitud de un abrazo. El muno nada pude contra un hombre que canta en la miseria!"

La Cumbre e Capilla del Monte

Saímos sábado de manha em direcçao a La Cumbre, entusiasmadissmas com a primeira viagem! Nao é que fosse particularmente longe, 10km e 1200m de altitude, mas era o primeiro fim-de-semana fora!

A Carol enjoa no autocarro, por isso dormiu todas as 3 horas que demorámos a chegar, mas eu e a Célia nao conseguiamos deixar de nos surpreender com a paisagem que mudava a cada 20 minutos, as Sierras Centrales que apareciam ao longe, por entre a vegetaçao das Sierras Chicas, as casas com aspecto alpino, os riachos, e o imponente Lago San Roque que apareceu de repente, por detrás das árvores, a espelhar o sol, que já ia alto!

La Cumbre é uma vila de origem Inglesa, onde apetece ficar a apreciar as ruas bem cuidadas, as árvores em flor, as Sierras ao fundo de cada avenida! Depois de uma muito suada e quase gorada procura de alojamento ( ao que parece é um destino de fim-de-semana muito procurado!), lá conseguimos largar as mochilas e seguir rumo ao Cristo Redentor! Nao pelo Cristo em si... quem me conhece sabe que nao sou dada a manifestaçoes religiosas do género e as minhas companheiras de viagem partilham da minha opiniao, mas pela vista, que nos disseram espectacular! Há que suar para lá chegar, e nao sao poucos os "peregrinos" que pelo caminho perguntam a quem desce, afogueados, vermelhos de cansaço e calor meio em tom de pergunta meio em tom de suplica, se falta muito para chegar!
Sem saber por que esperar, e porque a sorte protege os audazes, como nao tinhamos almoçado parámos pelo caminho ao avistar um jardim com um quiosque que decobrimos depois ser vegetariano de uma comunidade de yoguis! O silêncio, a comida deliciosa e o sumo de laranja fresquinho prepararam-nos, sem que soubessemos para a subida interminável!
As aberturas na vegetaçao pelo caminho já faziam adivinhar o cenário, mas ao chegar lá acima confirmá-mos que valia a pena o esforço! Era a manifestaçao da variedade da paisagem Argentina e dos contrastes que caracterizam esta país e o seu povo...depois da vegetaçao densa das Sierras onde estávamos, de um verde forte, interrompido por mansoes e casinhas de estilo alpino, seguia-se uma planicie enorme, amarela e castanha sem casa à vista, da distância a que nos encontrávamos e logo as Sierras centrales, imponentes, desabitadas a cortar o céu... Depois da carrda de fotografias e de algumas brincadeiras voltámos à vila para explorar os seu recantos e descansar!

O melhor desta zona é a Natureza circundante...e o parapente! O segundo estava fora do orçamento da Célia e da Carole o trekking nao é o forte da primeira pelo que terei de voltar para explorar!

No dia seguinte dirigimo-nos a Capilla del Monte para subir ao Cerro Uritorco, mas o atraso de 1h do autocarro e a parrillada de 2 horas qu almoçamos já lá fizeram passar a hora permitida para subidas, pelo que ficámos pela base, mas sabia que tinha de lá ir e aprendi no ultimo ano a nao ignorar estas certezas que me aparecem se saber como nem porque.... É um sitio conhecido plea sua Energia especial e é famoso pelas supostas visitas extra-terrestres! Riu-me destas ultimas e da suposta fábrica extra-terrestre que está dentro da montanha, mas é um facto que tem qualquer coisa de especial...nao é algo que se possa descrever, à primeira vista parece até ridiculo, mas quando me vi embora trazia a certeza de que ia lá voltar, que saía mais tranquila e que, apesar de todas as dificuldades estava onde devia estar!

Saudades...

Já nao me lembrava que as saudades se sentiam fisicamente...Que me assaltam de repente sob a forma de memórias fragmentadas...nao é um sentimento constante, é a viasao repentina dos olhos deste, as maos do outros, o sorriso daquela, uma espalanda em Carcavelos, a varanda dos meus pais, um sofá no meco, um cao no meu sofá, uma gargalhada, um abraço, aquele abraço, um beijo...Aparecem se que perceba muito bem de onde e ficam ali a flutuar, o ar torna-se mais pesado, mais dificil de respirar, ocupam o espaço que ele devia ocupar no centro do peito...e depois dissolvem-se, mais ou menos lentamnete consoante a ocasiao, até voltarem de novo, de novo sem aviso...

Logo para começar a semana...

Há momentos em que me pergunto várias vezes o que raio estou aqui a fazer, mas um sorriso e um abraço depois sao o suficiente para me lembrar que já sabia que nao ia ser fácil, mas que ia valer a pena!
Ontem foi um desses dias! POr várias vezes quase saí porta fora do orfanato...
A Brenda e a Melissa começaram por me tirar os lápis que distribuo por todos mas mantenho comigo para nao haver discussoes, fugindo logo de seguida e nao obedeciam a nada do que se lhes dizia. Nao contentes com isso começaram a incitar os outros miudos a baterem uns nos outrs...e eu a tentar acalmá-las, a tentar perceber o que se passava e tudo aquilo a piorar...inclusive a Luz e o César, que normalmente sao tao calminhos...e a Celeste, a Deolinda e a Natália, sem fazerem nada, a serem gozadas e agredidas...elas, que sao as unicas que dizem que nao vao fazer nada à Brenda porque sabem que ela é doente...às tantas tinha a Natália a chorar no meu colo depois de 2 murros da Brenda, a Brenda a puxar os cabelos à Celeste e a Melissa aos gritos a tentar fazer ainda pior!
Consegui sair dali com a Deolinda e a Celeste para falar com a responsável da casa das outras duas e ela já vinha com a medicaçao para as sedar...aparentemente estavam descompensadas!
Deixei-os a tratar e, pelo pouco que soube mais tarde tiveram mesmo de as levar para um instituo, com escolta policial e com a psicóloga porque nao as conseguiam apanhar!...Nao fora o facto de a Celeste e a Deolinda (que sao irmas) nao me largarem a mao um segundo e eu sentir que se fosse embora era como se as tivesse a abandonar e tinha saido nesse instante!

Ouvir uma miuda de 10 anos (a Deolinda) a dizer " isto nao pode ser, nao nos tiraram ao nosso pai ( a mae morreu) porque diziam que nos batia quando nao batia 8nao sei se isto é verdade ou nao), para virmos para aqui e vir esta fazer estas coias!"... Como é que se diz a uma criança que tem razao, mas que é um problemas do sistema que as misturou com miudaos que deviam estar em instituiçoes especializadas, mas que nao se preocuparam com isso...Como é que se lhes diz que nao devem ir dizer aos irmaos mais velhos que tem de ir bater nos outros que lhes fizeram mal, porque se sentem injustiçados, porque nao vêm outra saida para o problema...Eu digo, mas se eu própria sei que vai continuar tudo igual...

Em compensaçao, e isso, juntamente com o sorriso que vi na Celeste mais tarde e o suspiro de alivio da Deolinda a dizer "finalmente vejo um sorriso na minha irma hoje! Tu também nao gostas de ver os mais novos a chorar pois nao?", relembrou-me porque nao me podia ir embora, consegui sentar o Matias e o Lucas ao pé de mim e, ainda que o Lucas grite frequentemente demais para o meu gosto, estivemos a falar com alguma calma...claro que tive de ignorar todos os disparates que dizem os rapazes de 12 anos cada vez que se fala de miudas, mas acho que nao me vao dar mais problemas...aliás, tive até direito a um desenho do matias e a um abraço e companhia até ao portao, quando ele, normalmente, estava ao pe de nos, mas mantinha-se mais distante. Acho que foi porque estávamos sozinhos...eles querem muito atençao exclusiva, e é humanamente impossivel!

Quando saí de lá sentia um peso em cima...mas depois da caminhada habitual atá casa (à chuva e com uns relampagos que se fazia dia) e um desabafo com a Maria consegui por as coisas em perspectiva, e relevar mais os aspectos positivos que os negativos, que até entao nao me saiam da cabeça...Fiquei melhor, mas nao sei se por isso ou nao nao dormi nada de jeito...

Antes de adormecer, a ler o ensaio sobre a cegueira, deparo-me com a seguite frase " as respostas nao chegam sempre quando precisamos delas, muitas vezes esperar é a única resposta possivel" !!!

Fim-de-semana nº 2

Libertei-me na 5ª feira à noite, em frente a uma caneca de Quilmes fresquinha, depois de 3 horas de conversa com o Lucas sobre o mundo, os nossos mundos, da preguiça que me invadiu esta semana! Nao que me arrependa, na verdade fazia outra vez a mesma coisa...há muito tempo que nao tinha tempo nem descanso para tardes e noites de leitura descansada e sestas! Mas já bastava!

Na sexta saí directa do orfanato com a Marina a Tresa e o Palmer para o terminal de autocarros para seguir para O Festival de Doma e Folklore em Jesus Maria, e quase nao chegámos a tempo...consequÊncias de apanhar os whatever bus...chega-se, mas nunca se sabe muito bem por onde nem que tempo se leva...Agora jà sei que o N5 para o centro nao pode ser!

Confesso que achei que iamos ficar mais tempo por lá, mas de qualquer maneira foi bom para conviver outros voluntários que ainda nao conhecia (ainda que a maior parte esteja para ir embora nos proximmos tempos, e que no fim acabei por estar mais com a Carole e a Celia, para variar!) e entrar em contacto com a cultura gaucha, que nao está presente em Córdoba! Adorei as Tropijas, em que conseguem, com uma égua guia reunir todos os cavalos que lhes pertencem no meio de centenas de outros, mas a Doma em si só me dá pena dos cavalos selvagens...é violentíssimo! Vê-los a saltar daquela maneira, quase a rebolar no chao a tentarem ver-se livres daquele idiota que insite em manter-se em cima deles...
Os gauchos podem ficar extremamente sexy ou extremamente ridiculos com os seus fatos tradicionais, consoante a cara que tenham...aquelas boinas para o lado nao favorecem qualquer um!

O sábado foi uma surpresa...eu e a Célia comçámos por ir investigar os preços do treking e do parapente nas Sierras Chicas e seguimos para explorar o Parque Sarmiento, que acabou por ser muito maior que estávamos à espera! A juntar a isso a Coca-cola rápida que iamos beber na esplanada só para refrescar dos 38º que estavam transformou-se em 2 horas de conversa e um atraso de 30 minutos com a Carole no mercado...que me deslumbrou outra vez! Desta vez fomos mais tarde e ficámos até à noite pelo Barrio Güemes, descobrimos ainda mais patios interiores escondidos, com cafezinhos e restaurantes, respira uma atmosfera de contemporaniedade mas com edificios e espirito tradicional!
Fomos a casa da Carole beber um Mate, que é todo um ritual (no qual ela está viciada!), e seguimos para jantar e ver um espectaculo de Tango!
Confesso que já tinha saudades de ir jantar fora...e comi um peixinho, que já nao via desde que vim de Portugal, e bebemos vinho de Mendonza, que para o preço era fantástico (aliás tudo aqui é fantástico para o preço que tem!)!
O espectáculo teve menos dança que estava é espera, mas em compensaçao toda a parte cantada foi uma surpresa...Adorei! E fez-me lembrar muito Fado, o que pode gerar algumas duvidas e ja deu azo a uma discussao de ideias, mas acho que tem a ver com o conceito errado que temos do que é o tango e o que sao as milongas...descobri isso em conversa com a Maria mas vou investigar e depois partilho! O que interessa é que adorei...saimos as 3 com o sorriso idiota mas fantástico que já começa caracterizar estes sábados de descoberta!

Ontem, domingo, fui com a Célia até Alta Gracia para nos iniciarmos nas povoaçoes circundantes...decidimos começar por Alta Gracia que tem a estancia Jesuita mais completa, das várias que sao patrimonio da humanidade desta zona, e a casa onde morou o Che Guevara em criança! Normalmente nao sou muito destas coisas, parecem-me sempre aproveitamentos demasiado turisticos da vida destas pessoas, mas o museu até está bem conseguido e explora mais a infancia e adolescência do "Ernestito" e é bom para perceber um pouco o seu crescimento até se tornar quem foi...nao se dao a grandes exaltaçoes da personagem do "Che"... foi engraçado conhecer este lado mais familiar...inspirador até, quando falava das viagens que fez pela América do Sul! E tinha curiosidades interessantes, como artigos que publicou em revistas de Alergologia! É um lado que esquecemos!
Voltamos à noite estoiradas, poeirentas, suadas, mas inspiradas e felizes!

curiosidades

Há 4 tipos de autocarros de curto curso em cordoba: o fonobus, o intercordoba, os sarmiento e os N...o Lucas foi um querido e trouxe-me os horários do intercordoba e do fonobus, mas nao me parece que me vá servir de muito...continuo a apnhar o "whatever bus", visto que quase todos param onde tenho de sair em villa allende, mas ja tenho tido surpresas nos destinos!

O Argentino-Cordobês nao é exactamente como o Castellano...Em vês de tu, dizem vos, o ll nao se pronuncia lh, mas ch (o que ja deu azo a que numa conversa com a Sofia nos primeiros dias eu so me apercebesse que ela falava de frango ao fim de uns bons 10 minutoss!), amendoins nao sao cacahuetes, mas mani (??). carro nao é coche, mas auto...and so on and so on and so on! O que vale é que o Lucas tem uma paciencia tremenda e lá me vai corrigindo e ensinando (vicios de ter uma mae professora que à) 5 anos recebe voluntários!

Os trajes dos gauchos variam entre o ridiculo e quase sexi, dependendo da cara do gaucho!Só a boina é sempre ridicula!

A musica tipica de cordoba è o quarteto cordobês.

Tenho 20 picadelas de mosquitos no corpo...10 delas no meu pé esquerdo...

estados de espirito

AS minhas tardes oscilam entre o extase, o desespero, a alegria, a frustraçao, o carinho...é uma montanha russa!

Pensamentos soltos

ÁS compras com a Maria (a que todos chamam Gringa e a mim também já me começa a sair) começo a sentir-me (quase) em casa.

Ao almoço senti-me num livro da Isabel Allende ou da Laura Esquivel...4 mulheres de volta da cozinha e depois a almoçar, a dizer disparates e coisas sérias neste Castelhano que ao mesmo tempo nao é...e que se me começa a entranhar!

Todos os dias cheiro a repelente de mosquitos...e todos os dias sou mordida...

A Sabina tem o dom de me fazer contar a vida toda, sem que dê por isso...e diz que o brilho nos meus olhos se vê de longe, apesar da distância...espero que tenha razao...

O Lucas diz que os amigos da Maria (a mae dele, por exemplo) dizem que ela "nao tem filtro"...acho que é isso que gosto nela...porque tanto nao filtra as palavras e os pensamentos como os sentimentos, e tem um coraçao gigante! Para além disso farto-me de rir com os disparates que diz!

Há um miudo, o Lucas com quem embirro e nao sei porquê...porta-se mal sim, mas nao (muito) pior que alguns outros..."es una question de piel" diz-me a Maria, que todos os dias quer saber com pormenores como foi, o que fiz, como responderam eles...e que tenho primeiro de o ignorar e depois tentar fazer dele meu aliado...ainda tenho de pensar como!

Estou a ler o Ensaio sobre a cegueira em Espanhol, que tirei da prateleira da Maria...e ela encarregou-se de me encher a mesa de cabeceira...espera-me uma antologia poética de Borges, as memórias do Pablo Neruda, um do Cortazar que nao me lembro o nome e o Livro da indiferença também do Borges...e há velocidade com que tenho devorado palavras devo dar conta de todos num instante!

Começo a preocupar-me com o que vao sentir os miudos quando me for embora...Já têm sentimentos de abandono que cheguem nas suas tao curtas vidas...agora percebo o que dizia a Sabina quando falava dos sentimentos contraditórios face aos voluntários nos orfanatos (e ela viveu-o na pele, nao sendo orfa, mas tendo crescido num), mas a verdade é que a alternativa é nao haver ninguem que lhes possa dar o tipo de atençao que nós damos...é muito complicado...

As minhas costas sao uma obra de arte! Um bocadinho maior que tinha imaginado inicialmente, mas linda!! Tratar de uma obra de arte que se localiza precisamente no sitio de mais dificil acesso delas é que nao foi algo em que pensasse previamente, mas valham-me as aulas de bodybalance!

Vou começar a fazer pilates...ainda que ande quilometros por dia devido ao sitio isolado onde esta a casa, a diferença de habitos alimentares ja se começa notar...

Córdoba

Ontem foi o dia e que apaixonei oficialmente por Córdoba!
Na verdade, nao é muito dificil...mas para mim foi aquele primeiro Alfajore, no meio do mercado do Paseo de las Artes, depois de ter descoberto, sem querer, o Bario Güemes com as suas casas coloridas e recantos escondidos...e a gargalhada final quando vimos os caes a perseguir as rodas dos carros para as morderem...
Depois da chuvada, com o sol de fim de tarde, a passear por Belgrano eu e a Carole nao conseguiamos tirar o sorriso idiota dos lábios com a sensaçao que, agora sim, estávamos cá! E a simpatia dos Cordobeses é algo de extraordinário!

Há noite bebi o meu primeiro Fernet e descobri muito da história e cultura actual da Argentina no geral, e córdoba em particular...e que há bailes de quarteto aos quais nao devo ir...mas agora já tenho um "guia" local para estas coisas!

Ah, e a tatuagem...só para amanha!

Fim-de-semana

Chegou o fim de semana...sai de Lisboa há precisamente 1 semana! As saudades fazem com que pareça mais tempo, mas ao mesmo tempo passou a correr...é muita coisa para assimilar!

Os miudos ficaram tristes quando lhes dissemos que nao íamos aos fins de semana. "Oh, ahora va a ser mucho mas aburrido!" disse a Julieta quando me despedi ontem, e ela só se veio juntar a nós na 5a! A Tresa e o Palmer bem se esforçam, mas os miudos ficam frustrados quando nao conseguem comunicar com eles...excepto o César, que tem conversas de meia hora com a Tresa, mesmo que ela nao lhe consiga responder...acho que gosta dos monólogos!

Acho que já percebi como é que tenho de lidar com a Brenda e isso facilita muito as coisas com os outros miudos, porque tambem vêm que nao têm de lhe bater para ela lhes dar as coisas...nao é assim tao linear, mas vejo melhorias! E com a Natalia, que começou por querer tirar as coisas mesmo sem autorizaçao, ontem quando me tirou os lapis e começou a correr bastou-me dizer-lhe, que se eu nao podia confiar nela, entao nunca iamos conseguir ser amigas...deixou-se ficar no canto dela e 5 minutos depois veio-me entregar os lápis. E ontem também consegui que usasem todos os 2 frasquinhos para fazer bolinhas de sabao sem discutirem! Só houve um deles que se estava a armar em esquisito, mas a Paloma (que é uma querida, e tao bem comportada!!!) veio-me dizer e só tive de lhe dizer que só tinhamos 2 e que eram para eles partilharem todos, sem discussoes! E ele entregou-o...confesso que nao me conhecia assim tao paciente!

As vezes nao sei muito bem o que fazer...ontem quando a Natalia e a Melissa nao queriam dar a bola de Basquete a mais ninguem, depois de ja ter estado a conversar com elas so me apetecia tirar-lha, mas também já percebi que äs vezes nao vale a pena. Fui com os mais pequenos fazer desenhos e passado um bocado la estavam as 2 e ai ja se portam melhor!

Para a semana vai para lá mais uma voluntaria (alema ou dinamarquesa, nao me lembro) que tambem fala espanhol...acho que vai ajudar muito e deve trazer mais ideias também!

Ontem fui ver o Avatar com outros voluntários...espero nao ferir susceptibilidades, mas...que bela treta!
Estou ansiosa que reabra o Cineclub de Cordoba, para ver fimes como deve ser ( todos a 10 pesos por mês!), mas só em Fevereiro! Aliá, Fevereiro é um mês cheio de actividades e festivais! Janeiro é o equivalente ao nosso Agosto, e sendo Córdoba uma cidade universitária, está tudo um bocadinho parado!

Vou almoçar...e depois, ver o desenho que me fizeram na "Da house" para a minha tatuagem...quem sabe se a faço ainda hoje!

Dia 2

A Brenda tem esquizofrenia...eu sabia que aquele comportamento tinha de ser algo realmente patológico! Ainda assim, nao me larga a mao nem sai de ao pé de mim desde o momento em que passo o portao do jardim...a nao se quando me quer roubar alguma coisa ou bater em algum dos outros miudos!
A Teresa e o Rodrigo saltam-me para o colo sempre que podem e estao de 15 em 15 minutos a perguntar quando me vou embora e quando volto...o Rodrigo nao deve ter um unico dente sem caries...tem 4 anos!
A Melissa é ciumenta, nao quer que eu esteja a prestar atencao a mais ninguem a nao ser a ela, mas porta-se bem quando isso nao acontece!
O Matias quer que lhe ensine Ingles...acho que faz anos hoje, tenho de confirmar! Gostava de lhe dar um presente, mas acho que isso pode trazer problemas com os outros miudos...tenho de confirmar com as "tias".

Estes sao alguns dos nomes que ja consegui decorar, mas eles sao tantos... Ontem estiveram a desenhar...uma folhita e um unico lapis de cor e os olhos deles brilhavam como se fosse a melhor coisa do mundo! Depois pediram-me que lhes escrevesse as cartas para os Reis...e do nada, uma miuda que ainda nem sei o nome e com quem mal falei, entrega-me um papelinho que dizia " Te quiero mucho! Gracias!"...ia-me desmanchando na hora...

Depois estivemos a fazer pulseiras com as minhas missangas coloridas e as miudas estavam quase histéricas...até o Rodrigo quis fazer uma pulseirita!

Com as mais velhas ainda nao consegui estar muito, mas vao-se aproximando devagarinho. Uma delas, acho que se chama Lili ja esteve a fazer uma pulseira ontem.

Ainda nao sei muito bem o que vamos conseguir inventar para manter actividades durante 3 meses, mas tambem acho que á medida que o tempo for passando tud se tornará mais natural. Tenho mais 2 voluntários lá, a Thresa e o Palmer, que sao Americanos, mas nao falam nada de Espanhol!

Hoje vou ter com a Carole, que chegou também no Domingo e fez o induction comigo na segunda, e ontem fui com a Maria ( com quem estou a viver) a Córdoba dar umas voltas e vai-me apresentar aos filhos das amigas a ver se comeco a dar umas voltas por aqui. Tambem ja temos um encontro de voluntarios na 6a por isso é preciso é calma que tudo se compoe!

(este teclado nao tem til nem c cedilhado...)

e agora?

Estou estoirada...
Hoje quando acordei depois de dormir 12 horas ainda hesitei se ficava sossegada em casa ou se saía para dar uma volta a Villa Allende, que ainda nao conheÇo...ainda bem que optei pela primeira. Primeiro porque senao nao tinha conhecido a Sabina com quem estive a falar 3 horas e me fez sentir...ainda nao se como me fez sentir...foi um dia tao intenso...sei que me senti uma crianÇa ao pe desta miuda de 19 anos, que ja passou por tanto e que consegue mesmo assim ter uma alegria, uma esperança e uma clareza de raciocinio sobre tantos aspectos da vida...e isto tudo ainda antes de ter ido ao meu projecto! É demais para contar agora e assim tao a frio, darei mais pormenores mais tarde.

Na aldeia SOS, de onde estou acabadinha de vir foi...uma confusao...dei por mim primeiro sem saber o que dizer aqueles miudos, depois com 4 deles agarrados aos meus braÇos e mais uns quantos a seguirem-me e perguntarem-me onde ficava Portugal e se tinha muitos meninos, outros quantos que comeÇavam a lutar entre eles...Foi o primeiro dia e amanha já vai estar tudo mais organizado em termos de actividades...vai ser mais facil...ou nao... Estou estoirada, suada e sem saber o que pensar, mas ja sabia ao que vinha e pela experiencia do que senti ontem quando conheci a Maria e a minha casa e o que senti hoje depois da convivencia sei que amanha será mais fácil!

Amanhã

Amanhã embarco... Depois de amanhã chego a um mundo novo e sei que nada será com hoje...estou nervosa, e ansiosa...Amanhã...