quarta-feira, 16 de março de 2011

A Filipa saiu à rua...e juntou-se a outros 200 mil

No rescaldo da manifestação "Geração à rasca"

Ainda pensei não ir. Nunca fui dada a manifestações, não lhes consigo perceber resultados concretos. Mas esta, pela proximidade que sinto do seu manifesto, pelo que o que a situação há qual este se refere diz de Portugal como sociedade e talvez também porque, depois da minha volta sinto que devo ter um papel mais activo nesta mesma sociedade, andava a martelar na minha cabeça. E no dia conjugaram-se as situações e as vontades e lá acabei a descer a Avenida da Liberdade.

Continuo sem perceber qual o verdadeiro resultado prático que pode advir, mas sinto-me orgulhosa de ter feito parte daquele grupo de milhares de pessoas que mostrou que o problema não é só de uma geração e que estas querem, juntas, fazer parte da solução.

Gostei de ver que nos podemos juntar em torno de uma ideia e deixar de lado qualquer tipo de classificação profissional ou social.

E gostei que o fizéssemos com alegria. Com música, com dança e sim, com alguma palhaçada. Porque não temos de nos levar demasiado a sério e isso não significa que não possamos discutir assuntos sérios. Tenho um amigo que foi fazer de repórter a fingir, com uma televisão de cartão a transmitir o "canal alegria". Quem o visse por lá se calhar pensava que ele não sabia muito bem o que se andava a fazer. E no entanto tem uma lista articulada de soluções possíveis para alteração de um modelo económico que considera insustentável e esgotado; e, na vida "normal" coordena vários projectos de investigação ao mesmo tempo.

Parece-me sintomático que A revolução tenha começado ao som da música, que tenha sido "dos cravos" e que agora tenhamos esta manifestação imbuída deste espírito. Parece-me que, como povo, esta é a maneira como sabemos e queremos fazer as coisas.

Espero sinceramente que isso seja assim e que este tenha sido apenas o primeiro passo para, de facto, se conseguirem mudanças não só nos estatutos dos trabalhadores e nas oportunidades e qualidade de emprego, mas na forma como nos posicionamos face aos outros.

Para que os gritos de "Luta, luta, camarada luta" e "a luta é alegria" cheguem mais longe que apenas o festival da canção e eu consiga acreditar de vez que vale a pena sair à rua e lutar.

quinta-feira, 3 de março de 2011

Há volta da volta

Já fez um mês. Ou ainda só fez um mês...o tempo parece-me cada vez mais relativo.

E neste mês já tive a dose habitual de noites mal dormidas que as mudanças/decisões têm provocado ao longo deste(s) ano(s). Agora voltei, mas voltei ao quê? Não pode ser ao mesmo, senão para que é que fui? Mas será que o ir tinha de ter um objectivo que implicasse mudanças no regressar? Não podia ter valido por si mesmo?

Quando fui, ou melhor quando fiquei por lá, achava que sim. De uma maneira radical. Agora vou decidir o que quero fazer depois. É um problema recorrente (é aliás o que me assalta agora e causa as insónias). Ainda não dei este passo e já estou a pensar em todos os outros a que ele me pode levar e as escolhas que posso ter de fazer e como ainda não dei este não sei quais vou querer dar depois e portanto não sei se quero dar este e assim por diante... felizmente é um ciclo que se quebra ao fim de alguns dias e apesar do pânico inicial nunca me impediu de dar realmente o tal passo (estão perdidos?...pois, aí está!)

Mas já percebi que nem a experiência valeu por si só, nem é assim tão grave voltar ao mesmo. No fundo é uma mistura dos dois. A experiência não valeu sozinha porque me mostrou que, ao contrário do que pensava, não me importo de voltar ao que fazia, mas em condições diferentes. E vivi algo em que já tinha pensado muitas vezes mas nunca tinha tido a coragem de fazer.

A minha vida nunca mais vai ser a mesma, e isso é bom. Tenho outras prioridades e, mais do que isso, outra motivação para lutar por elas. O meu único medo é, no meio da "normalidade" poder esquecer-me disso.

E por isso às vezes não durmo...