No rescaldo da manifestação "Geração à rasca"
Ainda pensei não ir. Nunca fui dada a manifestações, não lhes consigo perceber resultados concretos. Mas esta, pela proximidade que sinto do seu manifesto, pelo que o que a situação há qual este se refere diz de Portugal como sociedade e talvez também porque, depois da minha volta sinto que devo ter um papel mais activo nesta mesma sociedade, andava a martelar na minha cabeça. E no dia conjugaram-se as situações e as vontades e lá acabei a descer a Avenida da Liberdade.
Continuo sem perceber qual o verdadeiro resultado prático que pode advir, mas sinto-me orgulhosa de ter feito parte daquele grupo de milhares de pessoas que mostrou que o problema não é só de uma geração e que estas querem, juntas, fazer parte da solução.
Gostei de ver que nos podemos juntar em torno de uma ideia e deixar de lado qualquer tipo de classificação profissional ou social.
E gostei que o fizéssemos com alegria. Com música, com dança e sim, com alguma palhaçada. Porque não temos de nos levar demasiado a sério e isso não significa que não possamos discutir assuntos sérios. Tenho um amigo que foi fazer de repórter a fingir, com uma televisão de cartão a transmitir o "canal alegria". Quem o visse por lá se calhar pensava que ele não sabia muito bem o que se andava a fazer. E no entanto tem uma lista articulada de soluções possíveis para alteração de um modelo económico que considera insustentável e esgotado; e, na vida "normal" coordena vários projectos de investigação ao mesmo tempo.
Parece-me sintomático que A revolução tenha começado ao som da música, que tenha sido "dos cravos" e que agora tenhamos esta manifestação imbuída deste espírito. Parece-me que, como povo, esta é a maneira como sabemos e queremos fazer as coisas.
Espero sinceramente que isso seja assim e que este tenha sido apenas o primeiro passo para, de facto, se conseguirem mudanças não só nos estatutos dos trabalhadores e nas oportunidades e qualidade de emprego, mas na forma como nos posicionamos face aos outros.
Para que os gritos de "Luta, luta, camarada luta" e "a luta é alegria" cheguem mais longe que apenas o festival da canção e eu consiga acreditar de vez que vale a pena sair à rua e lutar.
quarta-feira, 16 de março de 2011
quinta-feira, 3 de março de 2011
Há volta da volta
Já fez um mês. Ou ainda só fez um mês...o tempo parece-me cada vez mais relativo.
E neste mês já tive a dose habitual de noites mal dormidas que as mudanças/decisões têm provocado ao longo deste(s) ano(s). Agora voltei, mas voltei ao quê? Não pode ser ao mesmo, senão para que é que fui? Mas será que o ir tinha de ter um objectivo que implicasse mudanças no regressar? Não podia ter valido por si mesmo?
Quando fui, ou melhor quando fiquei por lá, achava que sim. De uma maneira radical. Agora vou decidir o que quero fazer depois. É um problema recorrente (é aliás o que me assalta agora e causa as insónias). Ainda não dei este passo e já estou a pensar em todos os outros a que ele me pode levar e as escolhas que posso ter de fazer e como ainda não dei este não sei quais vou querer dar depois e portanto não sei se quero dar este e assim por diante... felizmente é um ciclo que se quebra ao fim de alguns dias e apesar do pânico inicial nunca me impediu de dar realmente o tal passo (estão perdidos?...pois, aí está!)
Mas já percebi que nem a experiência valeu por si só, nem é assim tão grave voltar ao mesmo. No fundo é uma mistura dos dois. A experiência não valeu sozinha porque me mostrou que, ao contrário do que pensava, não me importo de voltar ao que fazia, mas em condições diferentes. E vivi algo em que já tinha pensado muitas vezes mas nunca tinha tido a coragem de fazer.
A minha vida nunca mais vai ser a mesma, e isso é bom. Tenho outras prioridades e, mais do que isso, outra motivação para lutar por elas. O meu único medo é, no meio da "normalidade" poder esquecer-me disso.
E por isso às vezes não durmo...
E neste mês já tive a dose habitual de noites mal dormidas que as mudanças/decisões têm provocado ao longo deste(s) ano(s). Agora voltei, mas voltei ao quê? Não pode ser ao mesmo, senão para que é que fui? Mas será que o ir tinha de ter um objectivo que implicasse mudanças no regressar? Não podia ter valido por si mesmo?
Quando fui, ou melhor quando fiquei por lá, achava que sim. De uma maneira radical. Agora vou decidir o que quero fazer depois. É um problema recorrente (é aliás o que me assalta agora e causa as insónias). Ainda não dei este passo e já estou a pensar em todos os outros a que ele me pode levar e as escolhas que posso ter de fazer e como ainda não dei este não sei quais vou querer dar depois e portanto não sei se quero dar este e assim por diante... felizmente é um ciclo que se quebra ao fim de alguns dias e apesar do pânico inicial nunca me impediu de dar realmente o tal passo (estão perdidos?...pois, aí está!)
Mas já percebi que nem a experiência valeu por si só, nem é assim tão grave voltar ao mesmo. No fundo é uma mistura dos dois. A experiência não valeu sozinha porque me mostrou que, ao contrário do que pensava, não me importo de voltar ao que fazia, mas em condições diferentes. E vivi algo em que já tinha pensado muitas vezes mas nunca tinha tido a coragem de fazer.
A minha vida nunca mais vai ser a mesma, e isso é bom. Tenho outras prioridades e, mais do que isso, outra motivação para lutar por elas. O meu único medo é, no meio da "normalidade" poder esquecer-me disso.
E por isso às vezes não durmo...
sábado, 22 de janeiro de 2011
Agora que isto se acaba
Ontem saí de Córdoba.
Sei que um dia vou voltar, ainda que só para visitar.
A falta de tempo fez-me correr para conseguir arrumar tudo e despedir-me o que ajudou a que não sentisse tanto essas despedidas. Ainda assim não pude evitar o nó na barriga ao apanhar o último Intercórdoba (que já odiava). Esta cidade tratou-me bem...
Agora estamos em Buenos Aires, nos últimos 4 dias desta viagem. Há 2 semanas pensava que já tinha vontade de voltar, mas agora que se aproxima apetecia-me continuar.
Há um ano e 2 semanas saí de Portugal para o que pensava irem ser 3 meses...Entretanto vivi noutro país, trabalhei noutra área e percorri 4 países de mochila às costas. Fiz amigos que agora deixo do outro lado do Oceano, mas que, felizmente como eu, continuam em movimento. Mais cedo ou mais tarde encontramo-nos de novo.
Por aqui ou Por aí...
Sei que um dia vou voltar, ainda que só para visitar.
A falta de tempo fez-me correr para conseguir arrumar tudo e despedir-me o que ajudou a que não sentisse tanto essas despedidas. Ainda assim não pude evitar o nó na barriga ao apanhar o último Intercórdoba (que já odiava). Esta cidade tratou-me bem...
Agora estamos em Buenos Aires, nos últimos 4 dias desta viagem. Há 2 semanas pensava que já tinha vontade de voltar, mas agora que se aproxima apetecia-me continuar.
Há um ano e 2 semanas saí de Portugal para o que pensava irem ser 3 meses...Entretanto vivi noutro país, trabalhei noutra área e percorri 4 países de mochila às costas. Fiz amigos que agora deixo do outro lado do Oceano, mas que, felizmente como eu, continuam em movimento. Mais cedo ou mais tarde encontramo-nos de novo.
Por aqui ou Por aí...
quinta-feira, 9 de dezembro de 2010
Escolhas
Apesar do meu pai sempre dizer que a minha mae me estragava (e estraga), se ha coisa que ambos me ensinaram foi a viver com o que tenho. Assim, e apesar de ter engolido em seco tres vezes, depois da decisao tomada foi olhar em frente e fazer novos planos.
Em Cuzco, depois de perceber que chegar a Machu Pichu nos ia sair a 300 dolares entre os dois tivemos que optar por deixar passar. Sim, provavelmente nao vamos voltar aqui, sim é Machu Pichu, mas 300 dolares dao-nos para varios dias, nao para os dois que ia ser.
Portanto, saímos para Huacachina, descemos dunas gigantes de cabeca e agora estamos em Lima. Amanha partimos cedinho para uma viagem de 36 horas(!) até Yurimaguas onde comeca a aventura Amazónica. Descer o Amazonas até Belem, na Costa oposta, no Brasil. E rezar para conseguir chegar a Salvador antes da pasagem de ano.
Depois de ler algus blogs sobre viagens semelhantes a curiosidade misturou-se com o medo. Nao de ameaca de vida, descuidem os mais preocupados...logo contarei mais!
Quanto a Lima, é uma cidade...estranha, a falta de melhor adjectivo. Hoje demorámos 1h a chegar ao centro desde Miraflores, o bairro rico (e tao mais tranquilo) onde estamos, depois de apanhar 2 autocarros e nao saber afinal onde andávamos. As buzinas sao constantes e os edificios coloniais misturam-se com predios a cair, os mercados onde se vende tudo o que se possa imaginar e o inimaginável e tenho a sensacao de que me estao quase sempre a tentar enganar ( o que é quase sempre verdade!).
Ia preparada para isto na Bolivia e nao aconteceu e agora no Peru tem sido uma constante. Com uma excepcao honrosa para Arequipa.
E os autocarros...sao toda uma outra história! Mas isso fica para a próxima.
Em Cuzco, depois de perceber que chegar a Machu Pichu nos ia sair a 300 dolares entre os dois tivemos que optar por deixar passar. Sim, provavelmente nao vamos voltar aqui, sim é Machu Pichu, mas 300 dolares dao-nos para varios dias, nao para os dois que ia ser.
Portanto, saímos para Huacachina, descemos dunas gigantes de cabeca e agora estamos em Lima. Amanha partimos cedinho para uma viagem de 36 horas(!) até Yurimaguas onde comeca a aventura Amazónica. Descer o Amazonas até Belem, na Costa oposta, no Brasil. E rezar para conseguir chegar a Salvador antes da pasagem de ano.
Depois de ler algus blogs sobre viagens semelhantes a curiosidade misturou-se com o medo. Nao de ameaca de vida, descuidem os mais preocupados...logo contarei mais!
Quanto a Lima, é uma cidade...estranha, a falta de melhor adjectivo. Hoje demorámos 1h a chegar ao centro desde Miraflores, o bairro rico (e tao mais tranquilo) onde estamos, depois de apanhar 2 autocarros e nao saber afinal onde andávamos. As buzinas sao constantes e os edificios coloniais misturam-se com predios a cair, os mercados onde se vende tudo o que se possa imaginar e o inimaginável e tenho a sensacao de que me estao quase sempre a tentar enganar ( o que é quase sempre verdade!).
Ia preparada para isto na Bolivia e nao aconteceu e agora no Peru tem sido uma constante. Com uma excepcao honrosa para Arequipa.
E os autocarros...sao toda uma outra história! Mas isso fica para a próxima.
sábado, 27 de novembro de 2010
Potosi 17-18 Novembro
Com a sorte de apanhar uma boleia (paga) de um dos jeeps que seguia para Potosi chegamos à cidade mais alta do mundo às 6 da tarde. Ainda cheios de pó trepamos ruas até chegar ao Hostel que queríamos.Os 4060m de altitude fazem-se sentir a cada 3 passos e toda esta cidade se distribui a subir a montanha.
Quando saímos para jantar já é escuro e estamos cansados, nao queremos ndar muito, mas surpreende-nos a vida que encontrqmos na rua.
No dia seguinte percebemos as cores, o movimento, a quantidade de escolas, de ecritórios de advogados e dentistas. Passeamos no meio dos edificios coloniais, das muitas igrejas e decidimos que gostamos da cidade.
A praça principal fervilha de gente. Mineiros, bandas, militares, locais.Descobrimos mais tarde que eram as celebraçoes do dia do Hino Nacional.
A tarde é passad debaixo de terra. Uma visita a uma das minas do Cerro Rico é uma experiência única, mas que nao quero repetir. 15 minutos lá dentro, enquanto começamos a descer ao segundo nivel achei que nao ia conseguir avançar mais. No meio do cinzento da falta de luz e do pó, enquanto o cminho se estreit para um túnel onde mal cabemos e pelo qual temos de rastejar o coraçao acelera e arespiraçao pede oxigénio que nao existe. Penso que se tenho de voltar para trás tenho de passar pelo mesmo e nao sei se aguento.
Páro 2 segundos, chupo mais forte nas folhas de coca que se acumulam na minha bochecha e, efeito psicológico ou nao, acalmo-me e sigo caminho.
Para lém da claustrofobia o que guardo mais na memória sao os mineiros com quem falámos, dos 15 aos 38 anos, a trabalhar em condiçoes sub-humanas que apenas diferem daquelas a que eram obrigados os escravos eos indios porque saem à noite para dormir em casa e recebem alguma coisa por esse trabalho.
morreram 80000 pessoas na época colonial e continuam a morrer hoje em dia, directa ou indirectamente dentro daquelas minas.
Saio estoirada física e psicologicamente. Tomo golfadas de ar e tento perceber porque se sujeitam àquilo e, principalmente, porque sujeitam os próprios filhos. Consigo perceber, mas nao aceitar.
Passamos a manha seguinte nas casa da moeda seguimos caminho.
Quando saímos para jantar já é escuro e estamos cansados, nao queremos ndar muito, mas surpreende-nos a vida que encontrqmos na rua.
No dia seguinte percebemos as cores, o movimento, a quantidade de escolas, de ecritórios de advogados e dentistas. Passeamos no meio dos edificios coloniais, das muitas igrejas e decidimos que gostamos da cidade.
A praça principal fervilha de gente. Mineiros, bandas, militares, locais.Descobrimos mais tarde que eram as celebraçoes do dia do Hino Nacional.
A tarde é passad debaixo de terra. Uma visita a uma das minas do Cerro Rico é uma experiência única, mas que nao quero repetir. 15 minutos lá dentro, enquanto começamos a descer ao segundo nivel achei que nao ia conseguir avançar mais. No meio do cinzento da falta de luz e do pó, enquanto o cminho se estreit para um túnel onde mal cabemos e pelo qual temos de rastejar o coraçao acelera e arespiraçao pede oxigénio que nao existe. Penso que se tenho de voltar para trás tenho de passar pelo mesmo e nao sei se aguento.
Páro 2 segundos, chupo mais forte nas folhas de coca que se acumulam na minha bochecha e, efeito psicológico ou nao, acalmo-me e sigo caminho.
Para lém da claustrofobia o que guardo mais na memória sao os mineiros com quem falámos, dos 15 aos 38 anos, a trabalhar em condiçoes sub-humanas que apenas diferem daquelas a que eram obrigados os escravos eos indios porque saem à noite para dormir em casa e recebem alguma coisa por esse trabalho.
morreram 80000 pessoas na época colonial e continuam a morrer hoje em dia, directa ou indirectamente dentro daquelas minas.
Saio estoirada física e psicologicamente. Tomo golfadas de ar e tento perceber porque se sujeitam àquilo e, principalmente, porque sujeitam os próprios filhos. Consigo perceber, mas nao aceitar.
Passamos a manha seguinte nas casa da moeda seguimos caminho.
Tupiza - Uyuni 14-17 Novembro
4 dias, 2 jeeps, 9 turistas, 2 condutores/guis, 1 cozinheira.
Dias de paisgens alucinantes, lagoas que parecem pintadas (de verde, de branco, de vermelho), desertos de areia e de sal, desfiladeiros e planaltos, montanhas que parecem pintadas tal é a perfeiço e quantidade de cores, e pó... muito pó!
Dormindas em casas básicas no meio do nada, como queríamos, debaixo de um céu imenso. Partiha de experiências em jantares às 7.30, que parecem 10.30 tal é o cansaço.
Aprendemos que estes passeios só começram à 15 anos porque antes tud aquilo se cobria de neve. Neve esta que, ao derreter forma as lagoas. Agora já nao existe neve, as lagoas estao a diminuir de tamanho e, muito provavelmente, em mais 10 ou 15 anos já nada disto vai existir. Faz-me sentir trite e sortuda, por ter a oportunidade de ainda o viver.
Chegamos o Uyuni estoirados, sujos e muito felizes!
Dias de paisgens alucinantes, lagoas que parecem pintadas (de verde, de branco, de vermelho), desertos de areia e de sal, desfiladeiros e planaltos, montanhas que parecem pintadas tal é a perfeiço e quantidade de cores, e pó... muito pó!
Dormindas em casas básicas no meio do nada, como queríamos, debaixo de um céu imenso. Partiha de experiências em jantares às 7.30, que parecem 10.30 tal é o cansaço.
Aprendemos que estes passeios só começram à 15 anos porque antes tud aquilo se cobria de neve. Neve esta que, ao derreter forma as lagoas. Agora já nao existe neve, as lagoas estao a diminuir de tamanho e, muito provavelmente, em mais 10 ou 15 anos já nada disto vai existir. Faz-me sentir trite e sortuda, por ter a oportunidade de ainda o viver.
Chegamos o Uyuni estoirados, sujos e muito felizes!
terça-feira, 23 de novembro de 2010
Tupiza - 13 de Novembro
Saímos de Córdoba directos à Bolivia. 24h e 2 autocarros mais tarde chegámos a Tupiza.
Terra da lenda do último assalto de Butch Cassidy e Sundance Kid foi uma boa introduçao ao país. Mudança radical de feiçoes, de cheiros, de arquitectura. Como paisagem, as Quebradas de Humauaca e Cafayate, na Argentina impressionam mais.
Ficámos apenas 1 noite, maravilhados com o que nos convém o Boliviano. almoço por 1,5 euros e jantar por 4. Hotel por 3,5e cada um.
No dia seguinte saímos para "O" tour.
Terra da lenda do último assalto de Butch Cassidy e Sundance Kid foi uma boa introduçao ao país. Mudança radical de feiçoes, de cheiros, de arquitectura. Como paisagem, as Quebradas de Humauaca e Cafayate, na Argentina impressionam mais.
Ficámos apenas 1 noite, maravilhados com o que nos convém o Boliviano. almoço por 1,5 euros e jantar por 4. Hotel por 3,5e cada um.
No dia seguinte saímos para "O" tour.
Subscrever:
Mensagens (Atom)