terça-feira, 3 de agosto de 2010

Porquês

No meio das várias questoes que me ponho a mim mesma nos últimos tempo poucas têm a ver com o Agora. Penso no que fazer depois, no onde será o depois, no que será o depois, mas poucas vezes penso no que estou a fazer agora.

Muitas vezes porque me limito a experienciá-lo, outras porque me irrito com projectos que nao fazem muito sentido na minha cabeça e algumas vezes também por medo que, se pensar muito nisso, possa chegar à conclusao que isto nao faz sentido...

Mas no outro dia, depois de apresentar uma voluntária no orfanato onde ia trabalhar e de ver a reacçao das miudas à sua chegada e falar com a directora acerca de experiências passadas deixei-me reflectir sobre a verdadeira utilidade de um voluntário extrangeiro num orfanato, ou numa escola.

Ao contrário do que a maioria das pessoas aparenta pensar, nao é o par extra de maos ou a possível ajuda monetária que estes possam trazer. Para isso, e como defendem os opositores ao chamado "volunturismo" seria sempre mais práctico e barato contar com pessoas do próprio país. O que este tipo de experiência traz a estas crianças é a possibilidade de entrarem em contacto com uma realidade e culturas que, caso contrário, nunca teriam a possibilidade de conhecer.

É completamente diferente para um miudo de 14 anos, que, por toda a história de vida que já carrega, se está positivamente marimbando para o que lhe ensinam na escola, saber que a Alemanha é aquele pontinho no mapa que lhe mostram, ou saber que é o país onde nasceu o Hans que vinha jogar com ele à bola e que lhe contava histórias dos amigos e da familia.

Fazê-los relacionar o mundo lá fora com pessoas reais aguça-lhes a curiosidade, fa-los querer saber mais. Para além disso dá-lhes a conhecer uma vontade de aprender que normalmente nao têm.
A estrutura familar onde cresceram nunca lhes transmitiu a importância de estudar seja para conseguir um bom trabalho, boas oportunidades de vida,seja pela vontade do saber. E, porque se sentem diferentes tendem a dar-se com crianças com as mesmas ideias. Ao entrar em contacto com alguém que lhes desperta a curiosidade pela diferença poderao apreender de uma maneira nao impositiva, e por isso mais eficiente, o gosto pelo conhecimento.

Se idolatram a Tina porque é alta e loura e parece uma actriz de cinema, mas está ali com elas a jogar à macaca ou a pintar-lhes as unhas e ela lhes diz que está a acabar o liceu e que quer ir para a Universidade muitas vao querer imitá-la.E quando ela lhes conta que vem da Holanda e lhes mostra fotos mais dificilmente se vao esquecer de onde fica.

Para além disto, também na vida do voluntário existe um impacto com este intercâmbio de experiências. A grande maioria sao jovens de 18 anos, e o choque cultural, quando bem encaixado, permite-lhes apender a lidar com a diferença, torma-os mais humildes e conscientes da sorte que têm.

Por isso continuo a defender este tipo de projectos e empresas. É verdade que pensar que se pode fazer dinheiro disto retira parte do encanto, mas isso nao invalida o mérito e o efeito positivo que eles têm para quem os faz e quem os recebe.

sexta-feira, 23 de julho de 2010

Córdoba a 2

Ao caminhar abraçada pelas ruas que já trato como minhas e escolher o que são os meus sitios preferidos apercebo-me que realmente já me sinto em casa!

Apesar do frio de rachar que fez este fim de semana, das incertezas que não deixam de me assaltar, dos dias em que não podia apanhar o Intercórdoba nem mais uma vez, dos outros em que me apetece saltar ao pescoço de algum médico mais despreocupado ou de um voluntário mais irritante, não trocava este momento de minha vida por nada.

O aqui e agora é bom de mais para pensar no depois...por enquanto!

quarta-feira, 14 de julho de 2010

Da amizade

Salvaguardando todas as lamechices e lugares comuns, quando estamos longe apercebemo-nos de maneira diferente do quanto damos valor à amizade e áqueles que nos rodeiam.

Isto serve quer para a realizaçao de que há pessoas de quem nos mantemos próximas independentemente da distância ou, pelo contrário, de que há pessoas que julgávamos mais próximas que realmente sao. E acontece também que, de repente, nos damos conta que há ainda outras pessoas que acabámos de conhecer e que sentimos como se fossem amigos de toda a vida...

Aconteceu-me há 15 anos na Serra da Estrela, o ano passado em Amsterdao e agora em Córdoba...e sinto que vao estar comigo sempre, independentemente de onde me localize geográficamente... Junto a alguns outros com quem tudo foi mais gradual mas nem por isso menos importante!


( o outro site era filipachatillon.matadoru.com, desculpem o erro!)

quinta-feira, 8 de julho de 2010

Updates

Ainda nao tenho internet em casa..falta de tempo e paciencia para tratar disso!

Isto para justificar a falta de actualizaçoes. A verdade é que últimamente a falta de noticias sao boas noticias! A vida flui quase sem esforço por aqui e os programas surgem naturalmente. Finalmente voltei há ideia que tinha do dia-a-dia por estas bandas. Com pessoas novas, que imediatamente me fizeram sentir bem vinda e querida e que sinto conhecer há muito mais tempo que na realidade conheço.

Já fiz uma mini-viagem ao Noroeste Argentino, que me deixou boquiaberta e com muita vontade de voltar e descobrir mais. O potencial deste país é imenso!

Tenho escrito algumas coisas em Inglês para um curso que estou a fazer, e depois dá-me preguiça de o repetir em Português, mas se quiserem espreitar aqui fica. Comentários/Críticas agradecem-se!

filipachatillon.matadoru.com

Quando tiver ligaçao em casa e puder estar tranquila prometo actualizar e (tentar) inovar por aqui!

quinta-feira, 24 de junho de 2010

Antes de Billie Holliday

- Un expresso por favor.
- Cortado? En Jarrito?
- Solo, corto!
- Te lo llevo afuera?
- No hace falta, aún tarda y espero un amigo.
- Bueno!
- Me cobrás? Así sigo directa a la película.
- El chico te cobra. 5 pesos seria... Vos nos sos de acá!?

Sorrio, já vai sendo hábito...

- No, soy de Portugal
- Ahh, Portuguesa...

E o "chico":

- Eu sou Brasileiro.
- Sim? De onde?
- S. Paulo.
- Bom
- Sim. Sempre vivi lá..é uma metrópole, com tudo de bom e mau que isso tem!
- E aqui, que fazes?
- Parte de um mestrado, em Linguistica. Gosto muito.
- é...Córdoba é uma boa cidade...
- Sim, tem tudo de bom o que tem uma metrópole, mas é pequeno, acolhedor, e as pessoas sao fantásticas!

Eu nao o teria dito melhor...

segunda-feira, 14 de junho de 2010

Malditos filmes franceses

Até estava bem disposta...dia quase perfeito ontem, hoje dediquei-me ao curso, arrumei a casa, li e fui tranquila ver mais um filme do ciclo de cinema francës do cineclub (adoro filmes bons a 80centavos!)...E agora entre o filme, o chuviscar e algumas ausências que dispensava acho que me vou mesmo enfiar debaixo dos lençóis e pronto...

sexta-feira, 11 de junho de 2010

Hoje

Depois de um inesperado jantar, tranquilo mas dentro do espirito Argentino que me lembrava e que ainda nao tinha conseguido reproduzir desde que cheguei (obrigado Gastón e amigos!), e uma noite de sono de 9 horas, o dia nao amanheceu prometedor. Sair da cama foi um pesadelo, sem que consiga perceber porquê e acompanhava-me um torcicolo e uma dor de garganta. "Espero que nao seja o bicho resistente a antibióticos da Vanessa!" pensei e segui para gargarejos de Betadine e bebi chá de limao e cebola com mel (receita infalivel da minha avó. Nunca me deixou mal!). Dia perfeito para andar na rua com voluntários acabadinhos de chegar...grumpf!

Mas os voluntários até sao simpáticos, dentro do tipo "americano ignorante do resto do mundo mas com vontade de conhecer mais", vêm cheios de entusiasmo, ficam pasmados com a minha idade (realmente pareço assim tao mais nova???)e as minhas viagens e eu relembro-me o que estou aqui a fazer e o que já vivi até agora, a dor de garganta abranda e habituo-me a virar o corpo todo quando quero olhar para a direita!