Só passou uma semana e meia desde que voltámos a sair de Córdoba, mas parece muito mais. Presumo que seja o movimento constante, a aprendizagem cultural, as diferenças de ambiente e paisagem em intervalos de tempo tao curtos!
Chegámos hje a La Paz. É uma cide louca. Ainda nao tneho tempo suficiente aqui; meio di e 2 voltas intercladas com uma sesta, mas é uma relaçao amor/ódio. A mais de 3000m de altitude espalha-se a perder e vista montanha acima e a baixo, com edificios coloniais misturados com prédios modernos e casas de adobe na periferia. Vê-se homens de negócios em fato completo e cholitas com traje indigena, um trânsito caótico e um pico nevado ao longe.
Nao conseguimos perceber como nos sentimos aqui...O Hostel é um colosso ocidental numa casa colonial. No é o que temos procurdo mas neste momento sabe-me bem!
Enquanto parámos nos degraus de uma igreja discutíamos as discrepâncias sociais destes países e aflíge-me nao conseguir vislumbrar nenhuma soluçao...
terça-feira, 23 de novembro de 2010
segunda-feira, 1 de novembro de 2010
De El Bolsón
Gosto de estar aqui...Gosto muito de estar aqui!
Gosto que seja tao verde e tao cheio de cor. Gosto que seja movimentado e pacífico ao mesmo tempo. Gosto deste Hostel (Refugio Patagónico), onde dá vontade de perder tempo, de relaxar. Gosto do contraste com as montanhas cinzentas a volta. Gosto de ter ido passear e ter parado numa quinta para comprar doce caseiro. Gosto de ir dormir num refugio depois de um treking de 5 horas amanha. Até gosto destes pássaros esquisitos com bicos gigantes, que fazem sons estranhos e que estao por todo lado, como pombos, mas muito mais interessantes. Gostava de ter mais tempo para perder aqui...
Chegámos cá vindos de Esquel, onde tivémos uma sorte desgraçada e conseguimos colar-nos a um grupo que estava no hostel e tinha alugado um carro para ir ao Parque Natural Los Alerces. Assim, ainda que exprimidos 4 no banco de trás de um opel corsa, tivemos acessos a zonas que nao teríamos tido de autocarro e a pé, e poupámos um dia numa cidade que nao tinha mais nada de interessante, porque o autocarro para lá já tinha saído nesse dia. Obrigado Ale e Ezequiel pela boa onda e disponibilidade e pelos conselhos para onde estamos agora.
A Esquel chegámos via a famosa Ruta 40 da Patagónia. Uma estrada só parcialmente (mal) alcatroada, que percorre os 2800km de EL Chaltén a Bariloche. Começámos a viagem de noite, mas quando acordei, as 6.30 da manha o autocarro tinha parado num "pueblo" (1 Hostel, 1 Café e 3 ou 4 casas) completamente em "terra de ninguém". Estepe Patagónica a perder de vista. Mantive-me acordada 1 hora depois disso, já em movimento e nao passámos por 1 único sinal de vida humana. Aliás, nas 25 horas de viagem passámos por 3 cidades, uma delas a descrita anteriormente.
Em El Chaltén iniciámos os treking a sério. Uma tarde de 2 levezinhos, 2 horas cada um e 20 km no dia seguinte, com muitas trepadelas e mudanças de cenário impressionantes. E ainda fomos brindados com uma vista total e descoberta do Fitz Roy. Quando achávamos que aquela nuvenzinha que ia rodando a volta do cume nunca o ia lagar, desapareceu!
Voltámos estoirados, directos a uma Quilmes fresquinha! A preparaçao perfeita para a viagem de autocarro que nos esperava!
E agora estamos aqui, prontos para mais uma caminhada e esperançosos que o nevoeiro que vemos no Cerro Piltriquitrón esteja melhor amanha, e que a cerveja artesanal do Lucas, do Refugio piltriquitrón seja tao boa como nos contaram...para acompanhar o por do sol sobre a vila e os lagos que vamos ver.
Gosto que seja tao verde e tao cheio de cor. Gosto que seja movimentado e pacífico ao mesmo tempo. Gosto deste Hostel (Refugio Patagónico), onde dá vontade de perder tempo, de relaxar. Gosto do contraste com as montanhas cinzentas a volta. Gosto de ter ido passear e ter parado numa quinta para comprar doce caseiro. Gosto de ir dormir num refugio depois de um treking de 5 horas amanha. Até gosto destes pássaros esquisitos com bicos gigantes, que fazem sons estranhos e que estao por todo lado, como pombos, mas muito mais interessantes. Gostava de ter mais tempo para perder aqui...
Chegámos cá vindos de Esquel, onde tivémos uma sorte desgraçada e conseguimos colar-nos a um grupo que estava no hostel e tinha alugado um carro para ir ao Parque Natural Los Alerces. Assim, ainda que exprimidos 4 no banco de trás de um opel corsa, tivemos acessos a zonas que nao teríamos tido de autocarro e a pé, e poupámos um dia numa cidade que nao tinha mais nada de interessante, porque o autocarro para lá já tinha saído nesse dia. Obrigado Ale e Ezequiel pela boa onda e disponibilidade e pelos conselhos para onde estamos agora.
A Esquel chegámos via a famosa Ruta 40 da Patagónia. Uma estrada só parcialmente (mal) alcatroada, que percorre os 2800km de EL Chaltén a Bariloche. Começámos a viagem de noite, mas quando acordei, as 6.30 da manha o autocarro tinha parado num "pueblo" (1 Hostel, 1 Café e 3 ou 4 casas) completamente em "terra de ninguém". Estepe Patagónica a perder de vista. Mantive-me acordada 1 hora depois disso, já em movimento e nao passámos por 1 único sinal de vida humana. Aliás, nas 25 horas de viagem passámos por 3 cidades, uma delas a descrita anteriormente.
Em El Chaltén iniciámos os treking a sério. Uma tarde de 2 levezinhos, 2 horas cada um e 20 km no dia seguinte, com muitas trepadelas e mudanças de cenário impressionantes. E ainda fomos brindados com uma vista total e descoberta do Fitz Roy. Quando achávamos que aquela nuvenzinha que ia rodando a volta do cume nunca o ia lagar, desapareceu!
Voltámos estoirados, directos a uma Quilmes fresquinha! A preparaçao perfeita para a viagem de autocarro que nos esperava!
E agora estamos aqui, prontos para mais uma caminhada e esperançosos que o nevoeiro que vemos no Cerro Piltriquitrón esteja melhor amanha, e que a cerveja artesanal do Lucas, do Refugio piltriquitrón seja tao boa como nos contaram...para acompanhar o por do sol sobre a vila e os lagos que vamos ver.
terça-feira, 26 de outubro de 2010
Notas de viagem
Estamos há 3 noites em El Calafate. Mudança drástica de cenário desde a Peninsula Valdés, onde estivemos antes...nada de novo no país que é a Argentina!
Hoje foi dia de Glaciar Parito Moreno e nao há palavras para descrever o que é aquela massa de Gelo, os tons de azul, o som dos desprendimentos no Lago Argentino, que é uma vista em si só também. Sao sentimentos que tenho de deixar amadurecer antes de poder descrever!
Entretanto, e porque isto de andar de mochileiro e acampar nao combina com as novas tecnologias, deixo-vos agora com algumas notas do meu caderninho. Para que tenham uma ideia do que foi a primeira semana de viagem:
18/10/10
"Venham, Venham! Perguntei-lhes e vao sair já! O tempo está perfeito e pode mudar. Depois montam tudo"
Olhares perdidos entre nós os 2.
"É mélhor. Olhem que o tempo pode mudar! Eu levo a tua mochila."
Acabamos por ir, ainda meio desconfiados. Pagamos os 180 pesos e entramos no barco.
"Nao sei se isto foi boa ideia. Se calhar deviamos ter procurado outros sitios"
2 horas, muitas fotos e outros tanto sorrisos de espanto mais tarde nem sequer me ocorre questioná-lo. Mar espelhado, ausência de nuvens e baleias francas a 1 metro do barco é tudo o que me lembro. E aquele som, como se fosse água a ser espelida de um tubo de orgao. Somesse que também se ouve da praia, ao pôr do sol, enquanto tentamos captar o fogo que parece ter tomado as nuvens!
19/10/10
O Nuno está a fazer o fogo para assar a carne e os pimentos. Eu, lentamente, começo a habituar-me à vida de campista. Até à próxima vez que esteja cheia de frio, ou que nao consiga dormir, ou que tenha de por a mochila às costas! Mas por enquanto estamos aqui, só a aproveitar a praia.
Ainda nao tinhamos conseguido arranjar maneira de dar a volta à Peninsula sem se em excursao, mas em conversa com o casal que está ao nosso lado, e em nome da solidariedade do viajante acabámos de o fazer.
"Eu também andei pela Escandinávia e encontrei muita gente que me levava onde eu precisava, por isso acho que tenho uma dívida para com os outros viajantes!" diz Evelyn, Suíça Alema.
Assim, amanha saimos na casa móvel dela, o marido e a pequena Salomé a ver os leoes marinhos, os pinguins e, com alguma sorte, alguma Orca perdida...sem gastar os 360 pesos que nos sairia a excursao!
20/10/10
Nao tenho palavras para descrever o que senti ao ver Pinguins de Magalhaes a meio metro de mim, ao ouvir o som dos Lobos marinhos e ver como se arrastem pela barriga, gordos, gigantes, desengonçados, enquanto outros apanham sol, dando só sinal de vida ao mexer uma barbatana e atirar areia para o dorso.
Tudo isto numa paisagem que muda constantemente. Uma costa que só se deixa vislubrar de quando em quando, numa curva da estrada, numa descida súbita depois de uma recta interminável e que muda de falésia profunda, a praia, a peninsulas dentro da peninsula que formam golfos de água azul esverdeada onde, sorte nossa, 3 orcas entraram e têm de esperar que encha a maré de novo para sair.
Para celebrar, e porque poupámos na excursao, concedemo-nos O luxo desta primeira parte da viagem. Jantámos fora...e que saudades de umas conchinhas, e de estar sentada numa mesa num sitio quentinho, com um vinho a discorrer de tudo o que já vimos e do que está para vir...
21/10/10
Supostamente hoje seria um dia de praia, mas o vento frio nao nos deixa. Relaxámos de manha junto à tenda a por a escrita e a leitura em dia e o Nuno anda de novo de volta do fogo para fazermos o almoço.
(...)
A tarde compôs-se e acabou por ser de praia. Que bom adormecer a ouvir o mar...e as baleias!
22/10/10
Cortando caminho por cima das falésias, subindo directamente da praia, conseguimos chegar a Punta Piramides em menos de uma hora.
A loberia tinha um aglomerado de 20/30 lobos marinhos, com algumas crias e pelo menos 3 machos em que conseguimos perceber a juba característica. Os sons ouviam-se perfeitamente apesar do vento forte e também conseguimos ver, num grupo de 3 que estavam mais perto um bocejar claríssimo e um coçar da barriga hilariante...conseguia estar horas a olhar para eles!
Como o vento estava impossível subimos até à cabine do guarda fauna para comer. Apesar do ar de "velho do Restelo", depois de quebrado o gelo inicial com alguma perguntas ainda aprendemos que as Orcas às vezes caçao Baleias Francas em alto mar e a que nos cedesse o seu telescópio, que deu um jeitao quando as baleias começaram a aparecer.
Distraídos que estávamos com o pao com salsicha quase nao demos porque tinham começado aos saltos! Agora sim, a experiência estava completa!
À volta conseguimos boleia à primeira esticadela de dedo. Amanha vamos tentar voltar assim a Puerto Madryn.
23/10/10
As (minhas) fases da boleia:
1 . Até aos 30 minutos de espera
Confiança: A qualquer momento passa/pára um (se realmente acontece o grau de confiança da próxima vez está nos píncaros)
2 . Até à 1h30 de espera
Esperança: Vai parar, vai parar, vai parar... (suspiro de alivio se acontece)
3 . Até às 2h30 de espera
Aborrecimento: Estou farta de aqui estar, nunca mais param! (cara de êxtase se param)
4 . Até às 3.30h de espera
Fúria: $%%&·/(?) Porque é que nao param!! (se param...só quero que o carro arranque!)
5 . Até às 4h de espera
Desespero: Nao sei o que é que estou aqui a fazer, mas também nao posso desistir agora! (cara de "o mundo esteve para acabar, mas chegou o salvador" se param!)
6 . Ás 5h de espera
Resignaçao: Apanhamos o autocarro e pronto...
(De notar que sabiamos que o autocarro saía aqulea hora, e que nao havia outro antes...caso contrário nao acho que me tivesse agunetado tanto tempo!)
Se quiserem por imagens com estas palavras, vao passando por aqui.
Hoje foi dia de Glaciar Parito Moreno e nao há palavras para descrever o que é aquela massa de Gelo, os tons de azul, o som dos desprendimentos no Lago Argentino, que é uma vista em si só também. Sao sentimentos que tenho de deixar amadurecer antes de poder descrever!
Entretanto, e porque isto de andar de mochileiro e acampar nao combina com as novas tecnologias, deixo-vos agora com algumas notas do meu caderninho. Para que tenham uma ideia do que foi a primeira semana de viagem:
18/10/10
"Venham, Venham! Perguntei-lhes e vao sair já! O tempo está perfeito e pode mudar. Depois montam tudo"
Olhares perdidos entre nós os 2.
"É mélhor. Olhem que o tempo pode mudar! Eu levo a tua mochila."
Acabamos por ir, ainda meio desconfiados. Pagamos os 180 pesos e entramos no barco.
"Nao sei se isto foi boa ideia. Se calhar deviamos ter procurado outros sitios"
2 horas, muitas fotos e outros tanto sorrisos de espanto mais tarde nem sequer me ocorre questioná-lo. Mar espelhado, ausência de nuvens e baleias francas a 1 metro do barco é tudo o que me lembro. E aquele som, como se fosse água a ser espelida de um tubo de orgao. Somesse que também se ouve da praia, ao pôr do sol, enquanto tentamos captar o fogo que parece ter tomado as nuvens!
19/10/10
O Nuno está a fazer o fogo para assar a carne e os pimentos. Eu, lentamente, começo a habituar-me à vida de campista. Até à próxima vez que esteja cheia de frio, ou que nao consiga dormir, ou que tenha de por a mochila às costas! Mas por enquanto estamos aqui, só a aproveitar a praia.
Ainda nao tinhamos conseguido arranjar maneira de dar a volta à Peninsula sem se em excursao, mas em conversa com o casal que está ao nosso lado, e em nome da solidariedade do viajante acabámos de o fazer.
"Eu também andei pela Escandinávia e encontrei muita gente que me levava onde eu precisava, por isso acho que tenho uma dívida para com os outros viajantes!" diz Evelyn, Suíça Alema.
Assim, amanha saimos na casa móvel dela, o marido e a pequena Salomé a ver os leoes marinhos, os pinguins e, com alguma sorte, alguma Orca perdida...sem gastar os 360 pesos que nos sairia a excursao!
20/10/10
Nao tenho palavras para descrever o que senti ao ver Pinguins de Magalhaes a meio metro de mim, ao ouvir o som dos Lobos marinhos e ver como se arrastem pela barriga, gordos, gigantes, desengonçados, enquanto outros apanham sol, dando só sinal de vida ao mexer uma barbatana e atirar areia para o dorso.
Tudo isto numa paisagem que muda constantemente. Uma costa que só se deixa vislubrar de quando em quando, numa curva da estrada, numa descida súbita depois de uma recta interminável e que muda de falésia profunda, a praia, a peninsulas dentro da peninsula que formam golfos de água azul esverdeada onde, sorte nossa, 3 orcas entraram e têm de esperar que encha a maré de novo para sair.
Para celebrar, e porque poupámos na excursao, concedemo-nos O luxo desta primeira parte da viagem. Jantámos fora...e que saudades de umas conchinhas, e de estar sentada numa mesa num sitio quentinho, com um vinho a discorrer de tudo o que já vimos e do que está para vir...
21/10/10
Supostamente hoje seria um dia de praia, mas o vento frio nao nos deixa. Relaxámos de manha junto à tenda a por a escrita e a leitura em dia e o Nuno anda de novo de volta do fogo para fazermos o almoço.
(...)
A tarde compôs-se e acabou por ser de praia. Que bom adormecer a ouvir o mar...e as baleias!
22/10/10
Cortando caminho por cima das falésias, subindo directamente da praia, conseguimos chegar a Punta Piramides em menos de uma hora.
A loberia tinha um aglomerado de 20/30 lobos marinhos, com algumas crias e pelo menos 3 machos em que conseguimos perceber a juba característica. Os sons ouviam-se perfeitamente apesar do vento forte e também conseguimos ver, num grupo de 3 que estavam mais perto um bocejar claríssimo e um coçar da barriga hilariante...conseguia estar horas a olhar para eles!
Como o vento estava impossível subimos até à cabine do guarda fauna para comer. Apesar do ar de "velho do Restelo", depois de quebrado o gelo inicial com alguma perguntas ainda aprendemos que as Orcas às vezes caçao Baleias Francas em alto mar e a que nos cedesse o seu telescópio, que deu um jeitao quando as baleias começaram a aparecer.
Distraídos que estávamos com o pao com salsicha quase nao demos porque tinham começado aos saltos! Agora sim, a experiência estava completa!
À volta conseguimos boleia à primeira esticadela de dedo. Amanha vamos tentar voltar assim a Puerto Madryn.
23/10/10
As (minhas) fases da boleia:
1 . Até aos 30 minutos de espera
Confiança: A qualquer momento passa/pára um (se realmente acontece o grau de confiança da próxima vez está nos píncaros)
2 . Até à 1h30 de espera
Esperança: Vai parar, vai parar, vai parar... (suspiro de alivio se acontece)
3 . Até às 2h30 de espera
Aborrecimento: Estou farta de aqui estar, nunca mais param! (cara de êxtase se param)
4 . Até às 3.30h de espera
Fúria: $%%&·/(?) Porque é que nao param!! (se param...só quero que o carro arranque!)
5 . Até às 4h de espera
Desespero: Nao sei o que é que estou aqui a fazer, mas também nao posso desistir agora! (cara de "o mundo esteve para acabar, mas chegou o salvador" se param!)
6 . Ás 5h de espera
Resignaçao: Apanhamos o autocarro e pronto...
(De notar que sabiamos que o autocarro saía aqulea hora, e que nao havia outro antes...caso contrário nao acho que me tivesse agunetado tanto tempo!)
Se quiserem por imagens com estas palavras, vao passando por aqui.
quarta-feira, 6 de outubro de 2010
Ontem
Eram 4.30. O trabalho estava terminado e tinham-me levado até à praça S. Martin. Estava calor e não me apetecia ir para casa. Passei em frente ao Cabildo Histórico e a recordação dos claustros brancos e frescos levou-me a entrar. Deparei-me com isto.
Segui então estas pegadas e surpreendi-me com a presença de comunidades imigrantes de países tão distintos. Eu sabia que a Argentina foi um país de acolhimento para muitos Europeus durante a 2ª guerra mundial, mas Coreia? Japão?
Tive pena de não poder ficar para o documentário "Los Cubanos" seguido de degustação de mojitos e charutos, mas quero voltar para as actividades organizadas para as outras comunidades.
Deixei-me ficar mais um pouco, as fotos da mostra Ciudades (in)visibles prendem-me o olhar, mas pedem-me mais atenção. Tomo nota da instituição responsávele prometo voltar com mais tempo.
Segui então estas pegadas e surpreendi-me com a presença de comunidades imigrantes de países tão distintos. Eu sabia que a Argentina foi um país de acolhimento para muitos Europeus durante a 2ª guerra mundial, mas Coreia? Japão?
Tive pena de não poder ficar para o documentário "Los Cubanos" seguido de degustação de mojitos e charutos, mas quero voltar para as actividades organizadas para as outras comunidades.
Deixei-me ficar mais um pouco, as fotos da mostra Ciudades (in)visibles prendem-me o olhar, mas pedem-me mais atenção. Tomo nota da instituição responsávele prometo voltar com mais tempo.
terça-feira, 5 de outubro de 2010
De volta a Cordoba
Talvez tenha sido porque já sei que me vou embora.
Talvez como uma forma inconsciente de me proteger, ou talvez porque me deixei acomodar sem dar por isso. O certo é que já há algumas semanas que não me procurava em Cordoba, que não a aproveitava, que não a deixava mostrar-se. E se não pensava muito nisso conscientemente, vejo agora que alguma coisa me pesava. Um desconforto quase imperceptível, como um zumbido nos ouvidos que só nos apercebemos que está lá quando desaparece.
E agora que desapareceu dei por ele.
Talvez tenha sido a risada há volta da Bagna Cauda no sábado há noite.
Talvez tenha sido a tarde de Domingo que passou sem dar por isso, estendida na relva, entre mates, fotos e conversas tão inúteis como fascinantes.
Talvez tenha sido a percepção da falta que vou sentir do gelado ao domicilio.

A verdade é que voltei à minha Cordoba este fim de semana, e ainda que saiba que o meu tempo aqui acabou, que já retirei dela o que precisava, que está na altura de seguir em frente, foi muito bom reencontrá-la!
Talvez como uma forma inconsciente de me proteger, ou talvez porque me deixei acomodar sem dar por isso. O certo é que já há algumas semanas que não me procurava em Cordoba, que não a aproveitava, que não a deixava mostrar-se. E se não pensava muito nisso conscientemente, vejo agora que alguma coisa me pesava. Um desconforto quase imperceptível, como um zumbido nos ouvidos que só nos apercebemos que está lá quando desaparece.
E agora que desapareceu dei por ele.
Talvez tenha sido a risada há volta da Bagna Cauda no sábado há noite.
Talvez tenha sido a tarde de Domingo que passou sem dar por isso, estendida na relva, entre mates, fotos e conversas tão inúteis como fascinantes.
Talvez tenha sido a percepção da falta que vou sentir do gelado ao domicilio.
A verdade é que voltei à minha Cordoba este fim de semana, e ainda que saiba que o meu tempo aqui acabou, que já retirei dela o que precisava, que está na altura de seguir em frente, foi muito bom reencontrá-la!
quinta-feira, 2 de setembro de 2010
O que segue
Depois da decisão tomada sinto-me quase estúpida por ter hesitado tanto. Claro que pensar à posteriori é sempre mais fácil que escolher, e que a decisão tomada tem já a reflexão feita e por isso parece mais simples que na realidade foi. Infelizmente raramente temos a hipótese ideal, aquela que nos permite não ter de abdicar de nada. Assim, é uma questão de decidir o que queremos deixar passar.
4 dias, algumas lágrimas e noites mal dormidas mais tarde parece que me tiraram um peso de cima. Se uma decisão me fazia chorar e a outra me deixa aliviada, qualquer remanescente de dúvida que pudesse ter desaparece.
As pessoas que temos na nossa vida e a maneira como nos relacionamos com elas também definem aquilo que somos e eu, neste momento, preciso da minha outra metade não para ser uma, mas para ser os dois que fazem sentido. Para além disso, apesar de todas as incertezas quanto ao caminho a seguir quando lá, tenho saudades de Portugal e dos meus.
Foi preciso vir até aqui para sentir a falta que fazem, apesar de todas as suas faltas (e fazia-o as vezes que fosse preciso) mas está (quase) na hora de voltar. Quero viajar muito e muitas vezes, mas preciso das minha raízes no seu lugar.
Assim, disse que não a 6 meses nas Fiji ( e com a confusão a qualquer hipótese de um projecto futuro com esta empresa) e começo a planear a minha aventura de 3 meses pela América Latina! E não consigo deixar de sorrir!
4 dias, algumas lágrimas e noites mal dormidas mais tarde parece que me tiraram um peso de cima. Se uma decisão me fazia chorar e a outra me deixa aliviada, qualquer remanescente de dúvida que pudesse ter desaparece.
As pessoas que temos na nossa vida e a maneira como nos relacionamos com elas também definem aquilo que somos e eu, neste momento, preciso da minha outra metade não para ser uma, mas para ser os dois que fazem sentido. Para além disso, apesar de todas as incertezas quanto ao caminho a seguir quando lá, tenho saudades de Portugal e dos meus.
Foi preciso vir até aqui para sentir a falta que fazem, apesar de todas as suas faltas (e fazia-o as vezes que fosse preciso) mas está (quase) na hora de voltar. Quero viajar muito e muitas vezes, mas preciso das minha raízes no seu lugar.
Assim, disse que não a 6 meses nas Fiji ( e com a confusão a qualquer hipótese de um projecto futuro com esta empresa) e começo a planear a minha aventura de 3 meses pela América Latina! E não consigo deixar de sorrir!
terça-feira, 3 de agosto de 2010
Porquês
No meio das várias questoes que me ponho a mim mesma nos últimos tempo poucas têm a ver com o Agora. Penso no que fazer depois, no onde será o depois, no que será o depois, mas poucas vezes penso no que estou a fazer agora.
Muitas vezes porque me limito a experienciá-lo, outras porque me irrito com projectos que nao fazem muito sentido na minha cabeça e algumas vezes também por medo que, se pensar muito nisso, possa chegar à conclusao que isto nao faz sentido...
Mas no outro dia, depois de apresentar uma voluntária no orfanato onde ia trabalhar e de ver a reacçao das miudas à sua chegada e falar com a directora acerca de experiências passadas deixei-me reflectir sobre a verdadeira utilidade de um voluntário extrangeiro num orfanato, ou numa escola.
Ao contrário do que a maioria das pessoas aparenta pensar, nao é o par extra de maos ou a possível ajuda monetária que estes possam trazer. Para isso, e como defendem os opositores ao chamado "volunturismo" seria sempre mais práctico e barato contar com pessoas do próprio país. O que este tipo de experiência traz a estas crianças é a possibilidade de entrarem em contacto com uma realidade e culturas que, caso contrário, nunca teriam a possibilidade de conhecer.
É completamente diferente para um miudo de 14 anos, que, por toda a história de vida que já carrega, se está positivamente marimbando para o que lhe ensinam na escola, saber que a Alemanha é aquele pontinho no mapa que lhe mostram, ou saber que é o país onde nasceu o Hans que vinha jogar com ele à bola e que lhe contava histórias dos amigos e da familia.
Fazê-los relacionar o mundo lá fora com pessoas reais aguça-lhes a curiosidade, fa-los querer saber mais. Para além disso dá-lhes a conhecer uma vontade de aprender que normalmente nao têm.
A estrutura familar onde cresceram nunca lhes transmitiu a importância de estudar seja para conseguir um bom trabalho, boas oportunidades de vida,seja pela vontade do saber. E, porque se sentem diferentes tendem a dar-se com crianças com as mesmas ideias. Ao entrar em contacto com alguém que lhes desperta a curiosidade pela diferença poderao apreender de uma maneira nao impositiva, e por isso mais eficiente, o gosto pelo conhecimento.
Se idolatram a Tina porque é alta e loura e parece uma actriz de cinema, mas está ali com elas a jogar à macaca ou a pintar-lhes as unhas e ela lhes diz que está a acabar o liceu e que quer ir para a Universidade muitas vao querer imitá-la.E quando ela lhes conta que vem da Holanda e lhes mostra fotos mais dificilmente se vao esquecer de onde fica.
Para além disto, também na vida do voluntário existe um impacto com este intercâmbio de experiências. A grande maioria sao jovens de 18 anos, e o choque cultural, quando bem encaixado, permite-lhes apender a lidar com a diferença, torma-os mais humildes e conscientes da sorte que têm.
Por isso continuo a defender este tipo de projectos e empresas. É verdade que pensar que se pode fazer dinheiro disto retira parte do encanto, mas isso nao invalida o mérito e o efeito positivo que eles têm para quem os faz e quem os recebe.
Muitas vezes porque me limito a experienciá-lo, outras porque me irrito com projectos que nao fazem muito sentido na minha cabeça e algumas vezes também por medo que, se pensar muito nisso, possa chegar à conclusao que isto nao faz sentido...
Mas no outro dia, depois de apresentar uma voluntária no orfanato onde ia trabalhar e de ver a reacçao das miudas à sua chegada e falar com a directora acerca de experiências passadas deixei-me reflectir sobre a verdadeira utilidade de um voluntário extrangeiro num orfanato, ou numa escola.
Ao contrário do que a maioria das pessoas aparenta pensar, nao é o par extra de maos ou a possível ajuda monetária que estes possam trazer. Para isso, e como defendem os opositores ao chamado "volunturismo" seria sempre mais práctico e barato contar com pessoas do próprio país. O que este tipo de experiência traz a estas crianças é a possibilidade de entrarem em contacto com uma realidade e culturas que, caso contrário, nunca teriam a possibilidade de conhecer.
É completamente diferente para um miudo de 14 anos, que, por toda a história de vida que já carrega, se está positivamente marimbando para o que lhe ensinam na escola, saber que a Alemanha é aquele pontinho no mapa que lhe mostram, ou saber que é o país onde nasceu o Hans que vinha jogar com ele à bola e que lhe contava histórias dos amigos e da familia.
Fazê-los relacionar o mundo lá fora com pessoas reais aguça-lhes a curiosidade, fa-los querer saber mais. Para além disso dá-lhes a conhecer uma vontade de aprender que normalmente nao têm.
A estrutura familar onde cresceram nunca lhes transmitiu a importância de estudar seja para conseguir um bom trabalho, boas oportunidades de vida,seja pela vontade do saber. E, porque se sentem diferentes tendem a dar-se com crianças com as mesmas ideias. Ao entrar em contacto com alguém que lhes desperta a curiosidade pela diferença poderao apreender de uma maneira nao impositiva, e por isso mais eficiente, o gosto pelo conhecimento.
Se idolatram a Tina porque é alta e loura e parece uma actriz de cinema, mas está ali com elas a jogar à macaca ou a pintar-lhes as unhas e ela lhes diz que está a acabar o liceu e que quer ir para a Universidade muitas vao querer imitá-la.E quando ela lhes conta que vem da Holanda e lhes mostra fotos mais dificilmente se vao esquecer de onde fica.
Para além disto, também na vida do voluntário existe um impacto com este intercâmbio de experiências. A grande maioria sao jovens de 18 anos, e o choque cultural, quando bem encaixado, permite-lhes apender a lidar com a diferença, torma-os mais humildes e conscientes da sorte que têm.
Por isso continuo a defender este tipo de projectos e empresas. É verdade que pensar que se pode fazer dinheiro disto retira parte do encanto, mas isso nao invalida o mérito e o efeito positivo que eles têm para quem os faz e quem os recebe.
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